Melancolia
Dois filmes acima da média estão disponíveis nas salas de cinema dos shoppings brasileiros. A estatística é alta. Considerando que nenhum deles é exatamente divertido ou fácil, a surpresa aumenta. Sobre um deles, o Árvore da Vida, publiquei post recentemente. O assunto agora é o Melancolia do Lars Von Trier.
O filme abre com uma série de imagens inacreditáveis. Em câmara hiper lenta Kirsten Dunst aparece em meio a uma chuva de pássaros mortos, é uma noiva correndo entre um emaranhado de cipós, encarna Ofélia e solta descarga elétricas pelos dedos. Em tom surreal e apocalíptico a longa sequência (oito minutos) converge para uma colisão planetária em escala de cinema catástrofe. Tudo isso ao som de Tristão e Isolda de Wagner.
Depois desta ouverture em aceleração máxima, Von Trier nos leva às cenas de um casamento. Em torno da mesa, e do casal protagonizado por Dunst e Alexander Skarsgard, vem à tona o alheamento do pai (John Hurt) o descrédito bilioso da mãe (Charlotte Rampling, impressionante como sempre) os esforços inúteis da irmã (Charlotte Gainsbourg) para conduzir satisfatoriamente a cerimônia e a truculência do cunhado rico (Kiefer Sutherland) que paga a conta.
Aqui também tudo converge para o desastre. Von Trier traça uma linha paralela entre o fim do mundo (o planeta Melancolia está prestes a colidir com a terra) e a falência completa da personagem central e das relações humanas como um todo. Literalmente não há o que salvar, diz o atormentado diretor (acima) e usa imagens de tirar o fôlego para nos convencer disso.
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