Mike The Ruler
Mike the Ruler, em tradução livre, Mike, aquele que dita regras, é o apelido de um personagem da atual cena fashion novaiorquina. Mike the Ruler, tem um pequeno séquito de seguidores e uma corte de amigos exalando autoridade. A cidade norte americana é o habitat deles. Não concebem a vida fora dela. Ela é a fonte de inspiração e o palco no qual a trupe performa sua presença, alçada ao mundo exclusivo dos árbitros do gosto. Mike vive no Upper East Side e sabe quem importa e quem não. Recentemente ele ganhou um longo espaço na Dazed Digital. De acordo com a matéria, que também abre espaço para a corte de amigos, Mike the Ruler sabe tudo. Mike é o cara. A mãe dele concorda e o artigo registra. Mike precisa deste aval materno, afinal de contas, ele tem apenas 14 anos.
Rigorosamente, Mike nunca realizou nada. Ele é Mike, the Ruler e está, pelo menos de acordo com o tom da mídia que o adotou, muito acima dessa exigência. Entre os talentos dele está a capacidade de comparar o designer x e o Y e de optar por um deles. Algo notável insinua o artigo. Não é culpa dele que a descrição dessa habilidade apareça replicada em dúzias de blogs, aparentemente, com o papel de nos convencer da sua inquestionável autoridade. “He is at the forefront of a wave of fashion rebels fearlessly infiltrating the mainstream” insiste a Dazed. “Instagram fashion star” registra o site The Cut.
Mike, prefere a moda que tem algo a dizer, cita Hood by Air e gosta de Telfar Clemens. Sobre o ultimo ele dispara: “Their clothes are very masculine but androgynous, with a very athletic feel”. Mike tem opiniões sobre o assunto, de fato. Embora não tenha idade legal para ser responsabilizado por elas, o gosto dele por moda parece ser legítimo e o fato de um garoto tão novo mobilizar atenções em um ambiente como o da moda é mesmo digno de registro.
No mesmo dia que li a entrevista na Dazed, vi a capa de uma revista brasileira de negócios com a chamada “Como fabricar líderes” voando sobre um grupo de jovens sorridentes. Fiquei tentado a estabelecer conexões entre Mike e a ideia de pessoas fabricadas para alguma coisa. Resisti apenas em parte, já que acabo de sugerir alguma relação. Mas não vou me alongar, Mike, este pequeno e emblemático herói contemporâneo, certamente não passou pelo método que a revista indica, seja ele qual for. Foi engendrado, como fenômeno, em outro. Na indiferença rápida dos compartilhamentos on line. Nos blogs “fominhas” por hypes inéditos, na preguiça acrítica do conteúdo do pontocom, igualzinho a do outro pontocom. Enquanto isso, o menino contabiliza likes, convites, presentes de grifes, entrevistas, glorias fugazes, os primeiros pelos pubianos e o mundo deve assistir sua ascensão.
Aguarde a próxima estação para saber qual foi o destino dele.
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