Milão fashion Week spring 2018: Enfant Terribles
Em terra de Dolce & Gabbana, a semana de moda de Milão exibe um lado Kitsch altamente comprovado. As referências ao Barroco e toda a alegoria estética do imaginário italiano, volta e meia, confunde-se com a identidade das próprias marcas.
Começando pelo tributo aos vinte anos da morte de Gianni Versace. Para a coleção, Donatella revisitou os arquivos da marca e reinterpretou alguns dos clássicos que imortalizaram a carreira do irmão. Das botas cuissarde – aquelas de cano acima do joelho – usadas com mini vestidos estampados, a característica medusa, os lenços com padrões barrocos, passando pelo animal print e referencias artísticas e terminando com as musas do estilista desfilando ao som de Freedom do George Michael. Tudo bem Versace — da maneira que Gianni gostaria de ver.
Na Moschino, o melodramático italiano tomou um rumo um pouco mais duvidoso. A moda de Jeremy Scott para a casa milanesa é sempre muito debatida. As paródias do estilo da marca continuam e nessa coleção inspirada em flores exóticas se torna difícil não fazer uma correlação rápida com a última coleção de Galliano para a Dior.
Sabe o que acontece quando um Elton John dos anos 70 resolve abrir seu guarda-roupa no meio de um museu de história natural? O momento vira uma coleção da Gucci. Alessandro Michele fez sua própria interpretação italiana do músico inglês e levou para a passarela personagens que já conhecemos, mas que, dessa vez, foram definidos pelo senso de espetáculo. As ombreiras, as inspirações monárquicas, as cores cintilantes e os acessórios-drama: todos elementos de um ótimo artista revistos pelas mãos de um ótimo designer.
Para quem um dia ouviu da super editora da Vogue – Anna Wintour – que a Prada era o único motivo da Semana de Moda de Milão existir, a marca italiana, sempre consistente, confirma mais uma vez o comentário. Miuccia Prada é uma criadora lúcida e sua mensagem para a coleção de primavera-verão 2018 é objetiva: a era do pós-agênero começou. As super-heroínas são todas as mulheres e o uniforme que lhes dá poder é a roupa do cotidiano. Por isso, personagens femininas dos quadrinhos saem dos seus lugares de origem e estampam modelagens invertidas e patchworks sugestivos. É a mulher que pode ser o que quiser, inclusive, salvar o mundo usando um sapato de oncinha.
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