Moda é coisa de homem, de mulher, é coisa de todo mundo

Moda é coisa de homem, de mulher, é coisa de todo mundo

23 de abril de 2015 Moda, Opinião 0

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Novidades para a moda masculina! Após o fenômeno de vendas deste nicho de mercado nos últimos anos, Nova York terá oficialmente uma semana dedicada a moda masculina  no mês de Julho. Ainda em solo americano, no início do mês de abril o The New York Times publicou um novo caderno mensal dedicado exclusivamente ao público masculino, com editorias de moda e estilo de vida. O impresso conta com 32 páginas.

Entre as editorias da primeira edição está uma dedicada a ternos de primavera, dicas para escovar o corpo como um ‘homem de verdade’, uma matéria discutindo se homens devem ou não utilizar emojis, entre outras reafirmações de um tipo de masculinidade que já está ficando ultrapassada. David Yi, do Mashable, traduziu muito bem o espírito da seção ao comentar que “O jornal parece mais como a tia mais velha que estuda ‘o que os jovens estão fazendo’ para desesperadamente parecer mais jovem do que é”.

Esta característica do novo caderno do NYT já era esperada, o jornal tem  um público envelhecido e elitizado e, nas páginas do caderno masculino, os anúncios são preenchidos por marcas de luxo que atendem ao homem tradicional americano, o mais provável leitor do periódico. Se não era de se esperar algum tipo de revolução, nada invalida a iniciativa, pelo contrário. À sua maneira o NYT está dizendo ao seu público tradicional que é ok homem se preocupar com a aparência e consumir moda.

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Enquanto a moda masculina ganha algum espaço nos Estados Unidos, a Selfridges, uma das mais importantes lojas de departamento para marcas de luxo na Inglaterra, inaugurou um novo espaço temporário, ocupando três andares do prédio. Este espaço foi nomeado como Agender e dedica-se a vender roupas da forma que elas realmente são. Apenas roupas. Não há divisão entre seções masculinas e femininas, nem elementos que evoquem aspectos associados a um ou outro gênero. A loja anuncia a ação como uma celebração à moda sem definições. Na apresentação do espaço a empresa explica que acredita que compradores não querem mais ser definidos ou limitados pelo seu gênero na hora de decidir o que vestir.

De volta aos Estados Unidos, recentemente, Jaden Smith publicou uma foto em que vestia um vestido comprado na Topshop. A estrela teen comentou sobre o ocorrido dizendo que não são roupas de meninas, são apenas roupas, contribuindo para uma avalanche de artigos sobre o assunto, alguns a favor e outros totalmente contrários à ideia de desgenerificar a roupa.

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Enquanto isso, no Brasil, em meio a SPFW, o estilista João Pimenta desfilou uma coleção Agender. A marca que tem como essência a alfaiataria masculina, mas sem deixar de lado a provocação com binarismos, optou nesta estação por eliminar as barreiras de gênero e se vender como roupas da marca João Pimenta, ao invés de roupas masculinas da João Pimenta.

Parece que 2015 será, finalmente, o ano de começar a deixar estas limitações de lado. O ano em que a preocupação com a moda e a aparência será de todos e não uma forma de diferenciar o homem da mulher. Cada um à sua maneira vamos conseguir encontrar na moda uma forma de expressão.

Esta conversa me lembra o que escrevi no ano passado no texto: homem interessado na moda ou moda interessada nos homens? Ao que parece, as perguntas feitas ao final daquele texto – se a masculinidade já teria sido modificada pelo mercado e não havíamos sido comunicados – estão mais próximas de serem respondidas do que antes. Só que estas respostas não estão vindo somente do mercado, nem dos meios de comunicação, elas estão vindo de todos os lados.

Imagens: Divulgação

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