MODA MASCULINA E DECORATIVISMO
Por mais que propostas pouco conservadoras de roupas para homens sejam frequentes em passarelas, no mercado real elas não chegam com a mesma intensidade ou rapidez. Na moda o fenômeno é bem conhecido. Previsível, pertence a um mecanismo de forças de transformação simbólica que idealmente resultaria em variáveis de mercado mais tarde.
Não vamos especular aqui sobre o colapso das estruturas que sustentavam a noção de masculinidade até então. Delimitando o quadro, o fato é que expandir ou simplesmente derrubar a noção do que é ou não masculino tornou-se uma estratégia comum no circuito de exibição e comunicação da moda. Algo que os recentes desfiles comprovaram com folga.
O que há de novo é o volume de investimentos feitos nessa aposta. Também não vamos investigar se essa roupa converge ou não para um futuro genderless. O que interessa identificar é quanto e como esta estratégia impacta a elaboração da roupa para homens agora. E o que dá para afirmar, sem dúvidas é que, conduzida para distante dos antigos estereótipos, entraram mais camadas, mais cores, mais padrões e técnicas na sua composição. A modelagem está sujeita a outras exigências assim como os tecidos, a cartela de cores, tingimentos, lavagens e estampas. O repertório em transformação vai impondo itens insuspeitados à ficha técnica.
Todo este investimento em inovações – feito pela indústria de componentes e pelas marcas- instala a roupa masculina em outra esfera. É o dinheiro gasto que determina que a moda masculina é preparada hoje não apenas como mercado específico, mas como referência para a moda global de todos os gêneros.
O menswear cresce mais rápido do que a moda feminina e o mercado de luxo. Já movimentou US$ 29 bilhões em 2016 e a previsão é de chegar a US$ 33 bilhões em período semelhante no ano de 2020. Os sites de vendas online, particularmente, marcham galopantes, deixando para trás os de vendas de moda feminina.
Enquanto os números crescem e a roda do tempo gira, é de se imaginar: o futuro será como foi no passado? O low profile histórico da roupa masculina cairá na obscuridade? Vem aí um novo ciclo de fausto e decorativismo? Ou já estamos nele?
Façam suas apostas.
Na VETEMENTS entram os bordados e o redesenho do corpo.
VUITTON E GUCCI são gigantes comprometidas com esta estratégia.
Para JOÃO PIMENTA, toda investigação formal é perfeitamente possível.
Para HAIDER ACKERMANN, o trio clássico calça/blazer/camisa pode acolher tratamento fora do convencional.
PARA RICK OWENS medidas amplas e elaboradas “amarrações” feitas com têxteis macios não são elementos estranhos no ninho.
Na BALMAIN vale a introdução do decor, seja ele com bordados ou apliques.
Na SACAI vale o uso do rosa e da modelagem que suaviza o corpo.
Na Renascença, no Barroco ou na França napoleônica as regras eram outras.
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