Monica Hatoum e Chris Burden: empilhando sacos

Monica Hatoum e Chris Burden: empilhando sacos

10 de novembro de 2011 Arte 0


Nem técnicas nem matérias primas específicas contam como elemento balizador para avaliação da arte contemporânea, que lida mesmo é com sentidos extraídos delas (e freqüentemente da total ausência delas).
É no mínimo curioso encontrar mais de um elemento semelhante em obras de artistas diferentes, e embora isso, em princípio, não queira dizer muita coisa nestes trabalhos de Chris Burden e Monica Hatoum há pelo menos duas convergências.

A primeira e óbvia são os sacos fechados com algo dentro, a segunda é o uso do procedimento de empilhar como forma de construir um obstáculo que pode se reverter em proteção.

A obra de Chris Burden, uma cúpula de sacos de sacos de cimento que conta com a ação do tempo para endurecer e se solidificar, chama-se Behive bunker (Bunker colméia) e é, naturalmente, mais um comentário poético a um clima sócio político belicoso do que uma construção de guerra.

Os sacos empilhados pela Monica Hatoum têm sementes dentro. Chamam-se “Hanging Gardens” (Jardins Suspensos). No interior de galerias ou nas ruas, são dispostos como barreiras para o corpo e para o olhar. Quando brotam as sementes as barreiras transformam-se em suporte para uma espécie de celebração vegetal, e mudam as conotações da relação com elas. Ou pelo menos entra em jogo uma ambigüidade que é crucial para o trabalho.
Quando mais de uma obra se vale de um mesmo achado, no caso o sentido de obstáculo nos sacos empilhados, há sempre um risco de banalizar a experiência. O que eliminaria um possível ceticismo, no caso, seriam as variáveis sobre a matriz comum, as intensidades aplicadas às dicotomias entre proteção e barreira, abrigo e isolamento etc. Mas aí já cabe a cada um definir o que pensa do assunto.

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eduardo:

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