Mostra em NY promove retorno crítico à década de 90
O New Museum, em Nova Iorque, está recebendo a mostra “NYC: 1993”, que é uma verdadeira cápsula do tempo. E vale a pena entrar nela. Cada ambiente faz com que os visitantes relembrem a instabilidade política e financeira daquele período, recuperando a real sensação de um tempo em que os artistas de Nova Iorque causaram um forte impacto na sociedade através de obras alinhadas com o momento. Eles extraiam energia de uma realidade incerta e frequentemente violenta que a mostra apresenta através de uma cuidadoso encadeamento das obras, retratando como as mulheres ganharam proeminência, os gays, sua voz, e também como a grande mídia estabeleceu conexões com a cena undergroud.
As histórias contadas no museu não estão povoadas por arte em seu sentido tradicional. As paredes não estão forradas de pinturas e os visitantes não sussurram entre si. As obras são uma coleção de fotografias emocionantes, filmagens poderosas e reais de protestos, cartas de amor e ódio e outras bizarras mas interessantes obras de arte. A exposição busca o pensamento provocativo, analisando eventos e conectanto o presente ao passado.
Toda a experiência da mostra culmina em uma obra em particular. Há uma parede forrada com doze velhos, vacilantes e incertos aparelhos de TV. Cada aparelho mostra fatos de um mês de 1993, exibido apenas o tempo suficiente de se ler ou ver o vídeo antes de outro fato ser presentado. Nesta sala, ironicamente barulhenta e caótica, os visitantes veem como as mulheres ganharam espaço nas artes enquanto o percentual de mães solteiras aumentava 25% ao longo da década. Veem também como os gays combateram a epidemia do HIV e lutaram por seus direitos em um tempo em que o poder público estava ansioso para cortar benefícios de saúde.
Em um dos andares inferiores, há uma obra que sintetiza todas as injustiças e agitações do período através do olho de um só artista. Destes trabalhos, deduzimos que os turbulentos anos 90 foram a inspiração e base para a arte atual, da mesma forma que foram o momento da fundação de muitas liberdades que nós, como sociedade, usufruímos hoje.
A mostra foi curada por Massimiliano Gioni, diretor associado e diretor de exibições, Gary Carrion-Murayari, curador, Jenny Moore,curadora associada, e Margot Norton, curadora assistente.
Obras pela ordem: Charles Ray, Sue Williams, Nicole Eisenman, Rober Gober
Fotos: Fernanda Daudt
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