Nova York refletida nas passarelas
A moda nos viciou a esperar por grandes acontecimentos. O problema é que essa engrenagem tornou-se agigantada e complexa. E é tocada a um ritmo tão acelerado que dúvidas sobre a capacidade de sustentar esse vício exigente pairam sobre o setor a cada início de estação.
Abrindo os desfiles de Inverno em Nova York, coube a Raf Simons garantir que sim, há fôlego suficiente. Agora no comando da Calvin Klein, também coube a ele transformar em extraordinário um legado de básicos pragmáticos, tipicamente americanos. Orquestrando insólita mistura de convencionalismos e estranhezas ele deu conta do recado e ainda manteve o posto de melhor contratação. A cada novo emprego o cara acerta a mão. Deve estar com o valor do passe lá em cima, merecidamente.
Enquanto em termos de qualidade e talento Simons equilibra a balança, o mundo à volta se desestabiliza. O calendário unificado se desmorona, cada marca adota datas e estratégias que lhe são mais convenientes e a porta está aberta para o que der e vier. Adotar o veja agora e compre agora, ou o veja agora e compre depois, levar o espetáculo para Los Angeles ou ainda para a semana de alta costura: tudo parece possível.
De fato, neste momento da moda, movimentar-se parece necessário e irreversível. Grandes transformações estão em curso e ninguém duvida disso. Os sintomas certamente vão se espalhar por Londres, Milão e Paris, mas, antes disso, vai aí um pouco mais de NY!
Política, sexo e diversidade na veia
Com esta receita, a moda tem se mantido relevante aqui, lá e em todo lugar. Na semana norte americana não faltou engajamento em causas polêmicas, protestos e posicionamentos fortes.
Imigrantes, feminismo e o crescente sentimento anti-Trump compareceram nas coleções de Prabal Gurung e Mara Hoffman.
Jeremy Scott aumentou a temperatura com apologias ao sexo e melhorias visíveis de qualidade técnica na coleção.
O modelo male trans Casil McArthur desfilou para Marc Jacobs:
Uma variedade de tipos, idades e etnias ganhou espaço na passarela.
Chromat, Coach 1941, Marc Jacobs, The Row e Michael Kors representam essa vertente.
Roupas e tendências?
Bem, com tanto movimento elas estão em segundo plano. Mas está rolando um climão anos 70. Não aquele que conhecemos. Esqueça os clichês hippies que eles não vêm ao caso. É tudo mais estruturado e gráfico, variando o grau de tempero retrô.
Outra onda certa pode ser definida como um primitivismo insólito, com toques geológicos, muito xadrez e peles e toques esportivos tecnológicos na modelagem e nos têxteis. (Isso mesmo!)
Líquido e certo é também o espírito noturno chic emprestado ao casual. Veludos acetinados e deslizantes e efeitos cósmicos de luz estão por toda parte.
Embarque!
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