Ronaldo Fraga plantou jardim luxuriante na SPFW e emplacou mega celebração à cultura e à natureza da região norte do país. Com o Pará sob os holofotes criativos, e fazendo justiça à abundância amazônica, o estilista foi superlativo em todos os aspectos. É preciso fazer um esforço considerável para deixar a exuberância do espetáculo de lado, mas vamos lá, pois, à parte a excelência cênica e a envolvência da  trilha  sonora, que abriu majestosa e seguiu brejeira como o Ronaldo gosta, a coleção sustenta o aparato e é por si só uma demonstração acabada de vitalidade. Folhagens de toda sorte, enormes helicônias, cardumes de peixes ornamentais e outras formas esplêndidas da flora regional viraram apliques, bordados, estampas, cores, cortes, transparências, superposições e, ao final da metamorfose, banhada em sol, clorofila e água doce, restou a roupa, e das boas, em trânsito livre pela passarela. Se lhe parece exagerada essa fala é porque você nào viu. De toda forma, acredito que cada peça isolada chegue ao mundo das vendas e usos ainda embebida no deslumbramento da sopa tropical-lírico-alucinógena de onde ela saiu. Dois  pontos a se notar: o primeiro  é que a temporada off parece ter causado um ótimo efeito sobre ele. O segundo é que o Ronaldo nunca foi tão consistentemente popular quanto nesta coleção, em que a emocionalidade do discurso é nítidamente suplantada pela força das imagens da natureza.

Imagens: Agencia Fotosite