Palais Bulles

As obras de Antti Lovag são a expressão máxima do futurismo dos anos 60 na arquitetura. As estruturas quase que espaciais destoam de qualquer cenário. Mas ater-se somente ao exterior – mesmo que seu impacto visual seja inegável – seria perder a melhor parte a obra. Húngaro que passou a vida na França, Lovag não se considerava um arquiteto, mas sim um “habitologue”. Ele estudava a natureza dos habitats do homem e era por isso que suas instalações foram criadas pensando primeiramente no interior, pois aquele ambiente deveria favorecer o bem viver do ser humano – o exterior seria apenas uma consequência.

A “habitology” foi uma abordagem criada e desenvolvida por Lovag, que ficou conhecido por um ser um personagem bastante peculiar. Ele nunca deixou registrado um conceito claro do que seria essa perspectiva, mas se pode entender um pouco dela a partir de alguns de seus apontamentos. Para ele, os humanos acabaram confinando-se em cubos com ângulos e cantos que impedem nosso movimento e prejudicam nossa harmonia. A organicidade é vital para suas criações que, como ele mesmo coloca, são “abrigos que nos aproximam da natureza”. Lovag acredita que a linha reta é agressiva e antinatural, por isso faz do círculo seu ponto de partida.

Sua obra mais conhecida é o Palais Bulles, que não ganha esse nome por acaso. As bolhas apoiadas em uma encosta na cidade de Cannes chamaram a atenção de outro designer aficionado pelo futurismo: Pierre Cardin. A casa, construída de 1975 a 1989 já estava em andamento quando Cardin a comprou. Mas não poderia ser mais adequado que o criador do Bubble Dress morasse em um Bubble Palace. Como não poderia deixar de ser, a instalação entrou para o roteiro da moda como cenário para festas, editorias e desfiles.