Criadora de tantas icônicas performances e inovadores projetos, Marina Abramovic não parece estar disposta a se aposentar ou deixar de explorar diferentes linguagens tão cedo.

Uma das principais figuras contemporâneas da arte de performance, a artista agora experimenta a opera. Seu novo projeto, chamado “7 deaths of Maria Callas”, surge de uma paixão de décadas pelo trabalho e vida pessoal da mítica soprano Maria Callas. 

Acompanhada pelo célebre Willem Dafoe, Abramovic interpreta as mortes das personagens de Maria Callas e a sua própria. 

Recentemente, a performer sofreu a perda de uma importante figura, o ex-companheiro romântico e artístico Ulay. Maria Callas também experienciou amor e perdas importantes na vida, o que gerou vários escândalos, uma faceta que de certa maneira imortalizou sua persona. Estas duas mulheres partilham o corpo de Marina durante o projeto e por vezes não sabemos qual das duas estamos enxergando no palco e nos vídeos. 

Como todo projeto estético performático, o figurino é também espaço do sensível e desempenha um papel simbólico. Em muitas de suas performances, Abramovic optou por produzir seus próprios figurinos, escolhendo majoritariamente roupas em preto.

Para este, no entanto, ela recorreu ao designer e amigo Riccardo Tisci, para a criação dos 5 figurinos presentes, que são nomeados a partir das personagens de Maria Callas, criando uma releitura contemporânea através da marca Burberry.

Tisci já tem experiência na produção de figurino, tendo criado peças para o ballet da Opéra de Paris quando estava a frente da Givenchy.

Apesar da repetição dos momentos trágicos, o projeto fala de uma certa esperança conectada a força das duas mulheres, que viveram a dor de um coração partido. Abramovic desconstrói e remodela o formato de uma ópera tradicional para trazer alguns dos temas mais comuns como amor e morte, para uma proposta reimaginada.