O quinto dia da SPFW N43

O quinto dia da SPFW N43

20 de março de 2017 Moda 0
LAB Foto: Agência Fotosite/Divulgação

LAB
Foto: Agência Fotosite/Divulgação

O quinto (e último) dia da SPFW foi marcado por uma grande diversidade de estéticas e de conceitos. Foi possível experienciar doses de romantismo vampiresco, materiais os mais confortáveis possíveis, ritmo circense e, por fim, o evento foi fechado por um dos importantes desfiles da temporada. A pluralidade, nesse caso, serviu para encher os olhos e reafirmar as esperanças na moda brasileira.

A Ratier, primeira marca a desfilar, proporcionou uma atmosfera obscura, romântica, inspirada no universo dos vampiros. A coleção foi trabalhada majoritariamente em veludo, couro e lã em preto e vermelho, criando a obscuridade citada anteriormente. A escuridão só foi quebrada por peças em cores branca e cáqui, sem neutralizar de forma alguma a referência. Proposta dramática, das peças de roupa à beleza.

A estreante na semana de moda, A. Niemeyer, explorou o oposto. Crochês de lã, seda, algodão e linho trouxeram um clima de aconchego e calmaria. As modelagens maiores e os caimentos fluídos favorecem os aspectos agradáveis potencializados pela cartela de branco, tons terrosos e azul. Execução e proposta interessante. A atemporalidade e os materiais trabalhados foram pouco explorados por outras marcas nesta edição da SPFW.

A Beira, participante do Projeto Estufa, trabalhou com cortes retos e uma paleta de cores que incluía um degradê do preto em direção ao branco. Poucas eram as peças mais coloridas – e sempre monocromáticas. A julgar pela modelagem, a moda proposta pela Beira pode ser enquadrada como sem gênero, mas há pouca inovação quanto a este aspecto de construção da roupa na coleção.

A Reserva elevou o modelo see now buy now para um patamar literal. Não fez um desfile convencional, com uma passarela e modelos se deslocando. Ao invés disso, posicionou modelos estáticos em um ambiente com totens, cada totem com o seu e-commerce aberto. As peças estavam disponíveis para compra imediatamente. Sem grandes novidades na roupa, o estilo influenciado pelo street style deu sentido a uma coleção que está lá para ser comprada, e não apreciada.

O circo inspirou a penúltima coleção apresentada no dia, a da Amapô. É visível uma grande evolução em termos de construção da roupa, com modelagens tridimensionais, experimentações em diferentes caimentos e tamanhos exagerados. O desfile como um todo entregou uma bela representação do conceito inspiracional. Cores leves, petit poás, peças irônicas como a cabeça de um elefante e de um palhaço ajudaram a materializar a referência.

Por fim, um dos mais aguardados desfiles do evento, a LAB finalizou a SPFW com uma poderosa mensagem de valorização do trabalho artesanal. Com um casting quase que inteiramente negro, Emicida e Fióti, que são irmãos, tiveram como ponto de partida para a coleção o samba, ritmo muito ouvido pela mãe. E ela é a responsável também pelos incríveis bordados artesanais. A inclusão e empoderamento dos negros através da moda é a bandeira mais defendida pela marca. Explorar o samba, movimento de raiz negra, valorizar o artesanato através dos bordados de Dona Jacira e compor um casting quase totalmente negro faz jus aos valores da marca e põe o dedo na ferida social da exclusão da população negra na sociedade brasileira. João Pimenta, que desenha a roupa da marca, mais uma vez acertou em cheio.

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