O quarto dia da SPFW N43

O quarto dia da SPFW N43

17 de março de 2017 Calendário, Moda, No Radar 0
A La Garçonne Agência Fotosite/Divulgação

A La Garçonne
Agência Fotosite/Divulgação

 

O quarto dia da SPFW N43 trouxe insights interessantes sobre a velocidade do passo da moda brasileira em relação à Europa e aos EUA. O resultado dos desfiles apresentados é bastante positivo, comprovando que sim, a moda pode (e deve) ser comercial e que a inovação pode caminhar lado a lado, garantindo a permanência das marcas no cenário cultural nacional.

A La Garçonne abriu o quarto dia do evento com maestria. Não é novidade afirmar que Herchcovitch é um dos estilistas brasileiros mais relevantes e que há muito tempo é percebido por seus pares e pelo público como um criador inventivo e transgressor. A coleção apresentada ontem comprova essa percepção. As peças com as iniciais ALG e com escritos “À La Garçovitch” já saem da passarela como itens altamente desejados. O estilo urbano, de cores fortes, peças largas e com alta variação de materiais tem um quê de provocativo que as nádegas à mostra de parte do casting só reforça. Herchcovitch permanece no seu posto de alta relevância e não dá indícios de que sairá dele, felizmente.

A marca Ca.Ce.Te, participante do Projeto Estufa, também apresentou uma boa coleção e, como se o nome não bastasse, merece atenção pelo approach voltado às ruas. É visível o alinhamento estético com propostas  apresentadas em semanas de moda global: xadrez p&b, peças one piece, forte trabalho com o nome da marca e atitude jovem e agressiva.

A Cotton Project propôs uma atmosfera mais amena e tranquila. Apresentou uma coleção marcada por cores quentes, embora isso não exclua peças em cores como cinza e preto. As modelagens conseguiram reproduzir o conforto de vestir também para os olhos. As superfícies eram suaves e se resumiam ao aspecto de tecidos como veludo, moletom, jeans e apeluciados, bem como o tricot.

Retomando referências urbanas, Juliana Jabour trouxe elementos de corridas para a passarela em estampas de imagens de corredores de moto, números, estrelas, fogos e bandeiras em peças oversized valorizando o movimento. Em conjunto com a beleza, a coleção emana um espírito radical, independente e forte, sem apelar para a feminilidade convencional. Esse desequilíbrio em favor da força é uma boa proposta para os dias de hoje.

Amir Slama apresentou corpos femininos esculturais na passarela, cobertos por tecidos platinados, paetês e ainda mais brilho. Frases “feministas” pintadas em tinta refletiva sobre o corpo das modelos – “decote não é convite”, “minha saia não é permissão” e “me visto como eu quiser” – brilhavam quando fotografadas.

Outra estreante no evento, a Tig, fechou o dia confirmando a estética urbana, grunge, onde o preto prevalece. Com  anos 90 repaginados para os dias de hoje, paetês, peças de um ombro só, vestidos fluídos e uma cartela de cores majoritariamente preta, cinza e roxa, a marca deixou claro que está bem alinhada com o seu tempo.

O quarto dia da SPFW N43 elevou o teor fashion dessa edição com propostas frescas e bem jovens. A linha condutora parece ser a de alinhamento do global para o ambiente nacional. O que vai sustentando esta orientação é que coleções como a da A La Garçone, a um só tempo universal e particular, provam que por mais comercial que se pretenda ser a inovação deve existir. À parte das pressões econômicas, cabe à moda fazer o que faz de melhor: reinventar-se.

 

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