O TRIÂNGULO DO ATLÂNTICO: O QUE ESPERAR DA 11ª BIENAL DO MERCOSUL

O TRIÂNGULO DO ATLÂNTICO: O QUE ESPERAR DA 11ª BIENAL DO MERCOSUL

2 de abril de 2018 Arte 0

Viviane Sassen

A Bienal do Mercosul precisou saltar 2017 e recobrar o fôlego afim de retomar seu papel entre as grandes mostras internacionais. Desta vez  lançando um olhar sobre a condição geo-cultural que interligou os destinos da América, da África e da Europa.

O destaque vai para a arte africana e para a arte afro-brasileira – que têm as maiores representações. A julgar pelos artistas selecionados, espere por algo como um colocar de dedo na ferida — tão mal cicatrizada — da violenta prática de apagamento cultural, infelizmente,  frequente no país. Torçamos para que esta edição da Bienal, ao apontar conflitos e distúrbios que surgem no choque entre diversas civilizações e camadas sociais aproveite bem a oportunidade de participar do debate.

 O Triângulo do Atlântico  / 11ª Bienal de Artes Visuais do Mercosul
De 06 de abril a 03 junho /  Porto Alegre
Curador-chefe:  Alfons Hug / Curadora-adjunta: Paula Borghi

 

Conheça 14 artistas da Bienal:

Mark Dion

O norte-americano Mark Dion examina as maneiras pelas quais as ideologias dominantes e as instituições públicas moldam nossa compreensão da história, do conhecimento e do mundo natural. “O trabalho do artista”, diz ele, “é ir contra a corrente da cultura dominante, desafiar a percepção e a convenção”. Apropriando-se de métodos arqueológicos e científicos ele coleta, ordena e exibe objetos que questionam as distinções entre métodos científicos e influências subjetivas.

Andre Severo

Andre Severo vive e trabalha em Porto Alegre. Opera com ações de arte capazes de desvincular a ocorrência do pensamento contemporâneo dos grandes centros urbanos e de suas instituições culturais. Trabalha com filmes e instalações e foi um dos curadores da XXX Bienal de São Paulo.

Romy Pocztaruk

Romy Pocztaruk, é mestre em Poéticas Visuais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. O trabalho dela lida com as interações do artista com diferentes lugares, e com as relações possíveis a partir do cruzamento de diferentes campos e disciplinas, gerando resultados poéticos em diferentes meios e suportes.

El Anatsui

Uma das possíveis estrelas de público desta Bienal, El Anatsui  é um escultor ganense ativo durante grande parte de sua carreira na Nigéria. Ele atraiu atenção internacional por suas icônicas instalações em grande escala feitas com milhares de peças de alumínio provenientes de estações de reciclagem de álcool e costuradas com fio de cobre. Transformadas em esculturas metálicas de parede, elas estabelecem conexões entre consumo, desperdício e meio ambiente. 

Chris Larson

O trabalho de Chris Larson pode assumir muitas formas — desenho, performance, escultura. Em alguns trabalhos, Larson emprega todos esses meios para conseguir um efeito altamente dramático. Não importa o meio, o trabalho de Larson se baseia na tradição histórica de interrogar o próprio método de fazer arte, referenciando o desenho automático surrealista, a pintura gestual de meados do século XX e a pesquisa analítica de artistas conceituais.

Wa Lehulere

Wa Lehulere nasceu em 1984 na Cidade do Cabo. Mistura  narrativa pessoal e coletiva reencenando o que ele chama de “cenas deletadas” da história sul-africana, muitas vezes animando narrativas individuais de exílio ou deslocamento por meios efêmeros — desenhos de giz no quadro-negro , performances intensas, mas de curta duração; madeira recuperada de antigas carteiras escolares, páginas de cadernos de esboços, cartas escritas para amigos, estranhos e instituições públicas. Descreve seu trabalho como um“ protesto contra o esquecimento ”.

Pablo Rasgado

Pablo Rasgado reconfigura material da vida cotidiana em novas abstrações. Muito do seu trabalho é feito a partir de muros públicos pintados, alguns extraídos de ruas movimentadas da cidade, outros de exposições temporárias de museus. Às vezes as paredes têm conteúdo político ou social. Às vezes, eles simplesmente contêm uma imagem que o artista quer capturar e apresentar de uma nova maneira.

Mary Evans

Mary Evans nasceu em Lagos, na Nigéria, em 1963. Lida não apenas com sua história pessoal, mas com histórias ancestrais africanas que não são frequentemente contadas. Assim, ela reinterpreta histórias não escritas e as compartilha para que não sejam esquecidas. Normalmente usa o papel como meio, produzindo trabalhos em grande escala e site-specifics.

Miguel do Rio Branco

 Miguel do Rio Branco é pintor, fotógrafo e diretor de cinema, além de criador de instalações multimídia. Atualmente vive e trabalha no Rio de Janeiro. Este veterano, bem conhecido em todo o mundo, é um fotógrafo excepcional, matricial para muitos das gerações posteriores a ele. Conhecido pelas imagens fortes da vida suburbana brasileira — que ele retrata em cores intensas estabelecendo uma explosiva proximidade entre beleza e violência social.

Sonia Gomes

Nascida em Caetanópolis, MG, de mãe negra e pai branco, Sonia Gomes opera entre o popular e o erudito. Usa retalhos de tecidos para criar esculturas que evocam tanto a ancestralidade da cultura africana quanto de culturas europeias. Sonia transforma materiais instáveis em arte permanente. Artista brasileira de grande projeção internacional nos últimos anos, com presença na bienal de Veneza entre outras grandes mostras globais.

Victor Diop

Victor Diop nasceu em Dakar em 1980. Desde seus primeiros trabalhos, desenvolveu um interesse pela Fotografia e pelo Design como meios de capturar a diversidade das sociedades e dos estilos de vida na África contemporânea. Seu trabalho é interrogativo e intrigante, assimila o impacto da própria ascensão na cena internacional à sua herança visual africana.

Edward Burtynsky

Obras do fotógrafo canadense Edward Burtynsky, conhecido pelas paisagens industriais globais, estão incluídas nas coleções de mais de sessenta importantes museus ao redor do mundo — incluindo a Galeria Nacional do Canadá, o Museu de Arte Moderna (MOMA) e o Museu Guggenheim em Nova York, o Museu Reina Sofia em Madri, o Tate Modern em Londres e o Museu de Arte do Condado de Los Angeles na Califórnia. As imagens que ele cria exploram o impacto coletivo que nós, como espécie, causamos na superfície do planeta e impusemos às paisagens naturais.

Viviane Sassen

Viviane Sassen vive em Amsterdã. Ela, que é uma fotógrafa que trabalha tanto no mundo da moda quanto no mundo da arte, é conhecida pelas fotografias um tanto surrealistas e coloridas da África. Sassen trata a fotografia de moda como um ugar em que ela pode trabalhar de forma rápida e intuitiva, aproveitando os benefícios de ter uma equipe profissional à disposição para facilitar seus experimentos independentes.

Ibrahim Mahama

Ibrahim Mahama explora temas referentes a commodities, migração, globalização e trocas econômicas. Cria instalações em larga escala empregando materiais coletados de ambientes urbanos como restos de madeira e tecidos ou sacos de juta, que são costurados juntos para cobrir estruturas arquitetônicas. Concentra-se nos sacos de juta em particular, uma vez que eles representam os mercados de Gana, onde ele vive e trabalha. Participou da ultima edição de Kassel, na Alemanha, em 2017.

O Triângulo Atlântico, de 06/04 a 03/06, Porto Alegre.

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