Pedro Lourenço, moda nacional e Carmen Miranda
Para Pedro Lourenço, a moda brasileira está carente de inovação. A declaração é polêmica, mas, para ele, combater essa monotonia é uma necessidade e, sobretudo, uma questão de linguagem, de inovar no modo de comunicar-se. A inspiração para esse diálogo, que é a mesma da coleção que ele apresentou, não poderia ser melhor: a portuguesa mais brasileira e mais americana que já houve, aquela que revolucionou a década de 40: Carmen Miranda! Mas uma Carmen Miranda tecnológica, mais sci-fi do que samba, mais futuro do que passado.
A referência é nítida: cinturas altas, saias lápis, ombros destacados, casaquetos, pepluns, blusas cropped. A paleta de cores, no entanto, foi delicada, com ombré do preto ao nude e chegando ao branco, deixando a intensidade por conta de detalhes em fúcsia, laranja, vinho e azul, além do metalizado onipresente. Os tecidos, tules, lãs, crepes, organzas, gazes e lamês, provindos de diferentes lugares do mundo, dão prova desse ímpeto inventivo e do padrão internacional de Pedro. Paetês, penas, cortes vazados imitando o desenho do abacaxi, casacos com estampas ampliadas imitando pele de animal e ankle boots de peito descoberto arrematam essa coleção delicada, intimista e futurista. Nela, Pedro Lourenço propôs uma Carmen Miranda pouco baiana e mais cosmopolita, que comunica elegância, inovação e modernidade num diálogo bem sucedido entre o que ficou para trás e o que está por vir por aí.
Fernanda Daudt direto da SPFW
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