RADAR ENTREVISTA SENPLO: VENCEDORA DO GQ+RESERVA
Os rapazes por trás da Senplo são o Rafael Schneider e o Daniel Bossle. Rafael é o diretor criativo, Daniel o responsável pelos negócios. Apesar dessa divisão, eles se organizam tão bem como dupla que parecem uma unidade indissociável. Espelham bem a máxima do encaixe entre projeto estético e projeto de negócios como condição incontornável para sobrevivência das marcas de moda na atualidade. Adotaram para a Senplo uma linha de trabalho pouco chegada a excessos formais e com ações equilibradas e pontuais. Frequentemente relacionam o desenho enxuto da marca ao modernismo, ao design e à arquitetura contemporânea, como se extraíssem dali as diretrizes funcionais e discretas que escolheram. A associação é apropriada: compensam em precisão e qualidade a recusa ao espetáculo e a Senplo se sobressai operando em linha sutil entre básicos-que-se-vê-em-todo-lugar e uma identidade que se percebe gradativamente. Sem alardes.
A Radar entrevistou Rafael Schneider, na última quinta-feira. O assunto é a recente premiação da Senplo como uma das marcas vencedoras do concurso Novos Talentos GQ + Reserva. Schneider nos falou sobre as projeções de futuro da marca, sobre o homem brasileiro e o futuro da indústria.
Confira abaixo a entrevista:
O que vocês esperam para a marca agora que são um dos vencedores do GQ + Reserva?
Esperamos aprender muito com a Reserva na parte de estruturação da empresa, acredito que isto será de extrema importância para nós, que temos a ambição de sermos uma das principais marcas do Brasil.
Outro fator será a divulgação que este projeto concederá para a Senplo, ampliando nossa audiência a nível nacional.
Dá para viver de moda masculina no Brasil?
Com certeza, estamos falando de um país enorme e ainda prematuro em relação a vários mercados. No quesito moda masculina, o Brasil é ainda um bebê que recém saiu do ventre.
O homem brasileiro é conservador?
Na minha percepção não, ele é apenas desinteressado e mal informado, pouco analítico e crítico em relação ao que usa ou o que consome.
Por que vocês escolheram trabalhar com moda masculina?
Acreditamos na moda autoral, e no Brasil existe um espaço enorme para este mercado. A escolha de trabalhar com moda masculina veio de uma necessidade, eu não encontrava roupas que representavam meus valores e estilo, então decidi criar eu mesmo.
Quem sua marca veste?
Veste qualquer pessoa que goste de unir elegância e despojamento, simplicidade e sofisticação.
Para quê você acha que nos vestimos?
Vestir é uma forma de comunicação sem precisar conversar, é uma premissa de códigos estéticos visuais que combinados refletem uma imagem ao qual você é ou deseja ser. E basicamente fazemos isso para gerar relacionamento social com pessoas que valorizam o mesmo senso estético.
A moda tem futuro?
O futuro da moda atualmente é ainda nebuloso, não sabemos o caminho que ela vai trilhar. O que se sente é que a formatação antiga está ultrapassada e que nós teremos que encontrar novos caminhos. Isso vai ser particular para cada marca, cada nicho.
Eu acredito em uma formatação com estruturas enxutas, em fazer o máximo com o mínimo, sempre pensando na extrema qualidade da roupa. Quanto mais atemporal e mais ela durar menos impacto ela tem.
A minha ideia com a roupa é ela se tornar cada vez mais como um objeto de design, que pode durar anos, e não um comoditie perecível.
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