Redes sociais, liberdade e ingenuidade
A internet tem sido a pradaria sem fronteiras da contemporaneidade, mas até quando? Não há dúvidas de que está aberta a temporada de caça a tanta liberdade de ir e vir. Os governos e empresas temem pelas mobilizações incontroláveis em torno de idéias diferentes daquelas que gostariam que tivéssemos, e todos querem uma fatia do lucro obtido pelos pioneiros que enxergaram as brechas para novos negócios. Como já falta criatividade, resta o controle e a regulamentação da concorrência dentro dos formatos existentes. Com nossas incríveis histórias de vida, nossa necessidade irrefreada de expressão e crença inabalável nas boas qualidades humanas, somos apenas o ativo financeiro dessa empresa (ainda)sem dono. Em parte, é claro, pois as redes sociais, como estamos nos dando conta agora, sempre tiveram os seus.
Mas porque é que estamos tão chocados com o fato de que tudo que postamos nas redes sociais não nos pertence, de que somos nós e nossas histórias de vida o produto dessas empresas bilionárias tocadas pela esperteza de garotos prodígios? Como é que não demos conta de que depositávamos espontaneamente em um banco de dados, diponível a interesses que desconhecíamos, tudo que importa saber sobre nossa capacidade de consumo, maneira de pensar, gostos e preferências?
O choque de realidade que tem levado muita gente a apagar (inutilmente) seus perfis na rede é parte de um quadro maior. Na verdade é a internet e o que ela representou até agora como espaço ilimitado de expressão que está em cheque. É que depois da farra o que se avista no horizonte é a linha dura da regulamentação dos direitos, uma pressão de mercado, e a face sinistra do possível uso como mecanismo de controle, a serviço da vigilância ideológica.
A verdade é que já conhecíamos a tempo suficiente esse cinismo que hoje nos diz se você não estava pagando, esperava o quê? para confundi-lo outra vez com liberdade e deixar de lado a possibilidade de sermos observados por ali. Na rede, não tenha dúvidas, até o que não olhamos nos vê.
Na imagem, Leigh Van Bryan irlandês que antes de embarcar para os Estados Unidos tuitou que iria “destruir os Estados Unidos”. Òbviamente ele queria dizer que iria festejar muito, mas acabou preso, junto com a amiga Emily Bunting. Segundo eles, foram tratados como terroristas e só depois de longo interrogatório devolvidos para casa.
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