Segunda edição do Brasil Eco Fashion Week chega politizada e mais sustentável ainda
O Brasil Eco Fashion Week chega na sua segunda edição em 2018 com visão sustentável da moda e dos negócios em ritmo emergencial, estabelecendo interação múltipla com o design e as noções de moda do futuro. Ocupando novamente o Unibes Cultural, em São Paulo, o evento que ocorreu de 15 a 17 de novembro, apresentou a temática da sustentabilidade em uma série de desfiles, oficinas e palestras, além de showroom com novas marcas de vestuário e acessórios que estão movimentando o circuito da moda e do design, com propostas bem mais harmônicas com o espinhoso momento atual.
Iniciativa do movimento Fashion Revolution Brasil, o evento — segmentado nos espaços ECOnomia, Interativo, Mata Atlântica e Amazônia — potencializou nesta edição as discussões sobre as florestas brasileiras. Frente à instável situação política que cerca o Meio Ambiente, o BEFW trouxe uma área totalmente dedicada a marcas e coletivos que agem na preservação da Amazônia e no empoderamento das comunidades que vivem da floresta. O espaço apresentou também trabalhos que envolvem a Arte Ameríndia, que, ao revender acessórios feitos à mão por diversas tribos do continente americano, ajuda a preservar suas tradições e a garantir sua subsistência.
O que muito se disse sobre o distanciamento da última edição do SPFW em relação ao momento político que o Brasil vivia (véspera das eleições presidenciais) não se aplicou a essa edição do BEFW: altamente politizado em todos os seus desdobramentos. Fosse em placas levadas nas mãos, na roupa ou no corpo, a mensagem vinha direta ou quase direta.
Desfilando pela segunda vez, a Comas dá um passo mais largo em direção ao sustentável, unindo o upcycling, pelo qual é conhecida, com o jeans reciclado — alternativa que permite a marca experimentar novas formas de reprodução das peças. Outro ponto interessante do desfile é a parceria com a marca gaúcha Revoada — que produz acessórios reutilizando câmara de pneu e tecidos de guardas-chuva quebrados.
No último dia do evento, teve outras duas marcas gaúchas na passarela do BEFW: a marca Carlos Bacchi desfilou utilizando as bolsas da Volta Atelier — marca criada pela Fernanda Daudt que tem feito sucesso em NY e que utiliza resíduos de couro descartados pelas indústrias no Rio Grande do Sul. A radar teve acesso, com exclusividade, a algumas fotos do backstage do desfile.
Na linha das estreias, e encerrando o Brasil Eco Fashion Week, vem a Ahlma, marca de André Carvalhal, que fez seu primeiro desfile solo com pouco mais de um ano de existência. A nova empreitada de Carvalhal tem forte raiz na autoexpressão e combina peças com variações de materiais e silhuetas, garimpos de brechó e acessórios ecológicos unidos pelo amor ao streetwear. Um dos pontos mais comentados do desfile foi uma camiseta vermelha — parceria com a cantora Letrux que traz peças com frases de músicas dela — em que se lia: “Resiste o amor depois do horror”. No final das contas, essa foi a maior mensagem do evento.
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