Slimane rebate críticas sobre sua estréia na Celine
Não havia dúvidas de que a estréia de Hedi Slimane na Celine seria o grande assunto da temporada. As polêmicas começaram muito antes do show e, até o momento, continuam efervescentes. O designer — que não é muito afeito a manifestações públicas — deu uma entrevista dias antes da semana parisiense iniciar comentando sobre os rumos da Celine e o imaginário que se tem a respeito da marca que, segundo ele, é mais fácil de operar do que uma Dior ou Saint Laurent. Frente aos recentes ataques, Slimane precisou recorrer a um canal de televisão francês para responder a enxurrada de críticas.
Não se esperava águas salobras nessa coleção da Celine. Muito menos que Slimane subtraísse a identidade aguda que o precedia na marca. Esperava-se um pouco de cautela ou alguma fagulha de prevenção? Talvez. Mas não foi isso que aconteceu, Slimane armou o circo e entrou no picadeiro de cabeça erguida. Para todos os efeitos, havia feito um ótimo show.
Entretanto, as críticas negativas nem esperaram a saída do público da sala de desfile para surgirem. O Hollywood Reporter comparou a chegada de Slimane na Celine com a eleição de Donald Trump. Críticos norte-americanos escandalizaram-se com os minúsculos vestidos. E o Instagram inflamou-se falando da conduta iconoclasta de Slimane em relação aos feitos da antiga diretora, a incensada Phoebe Philo.
Para o canal francês TMC, o designer comentou pela primeira vez sobre as críticas em citações por email. “É sempre muito chocante e sempre sinto que as pessoas estão falando de outra pessoa. Além disso, o espírito do desfile era leve e alegre, mas a leveza está sendo questionadas nos dias de hoje. Eu já passei por isso na Saint Laurent”, disse ele. ” Você está lidando com política, conflitos de interesse, panelinhas, uma atitude previsível, mas também exageros impressionantes de conservadorismo e puritanismo. A violência é um reflexo do nosso tempo – é o espírito das redes sociais, apesar do fato de serem uma formidável ferramenta comunitária. Não há mais limites, o ódio é amplificado e assume o controle ”.
Slimane alertou para o sensacionalismo de alguns veículos norte-americanos. “Isso significa que as mulheres não são mais livres para usar minissaias se quiserem? As comparações com Trump são oportunistas e cômicas, uma reação ao fato das garotas do meu desfile serem liberadas e despreocupadas. Eles estão livres para se vestir como bem entenderem”. Sobre a sucessão de Phoebe Philo, ele foi mais enfático: “Para alguns na América, eu também tenho o mau gosto de ser um homem que está sucedendo uma mulher. Pode-se ler nisso um subtexto de homofobia latente que é bastante surpreendente. Um homem está desenhando as coleções femininas? No final do dia, tudo isso é uma publicidade inesperada para essa coleção. Nós não esperávamos tanto. Acima de tudo, cristaliza uma forma muito francesa de anticonformismo e liberdade de tom na Celine ”.
A LVMH — conglomerado de luxo que possui a Celine ao lado de marcas como Louis Vuitton, Dior e Fendi — está confiante de que Slimane proporcionará enormes ganhos em vendas. O presidente e diretor-executivo da LVMH, Bernard Arnault, disse que espera que o designer preste o dobro ou o triplo do faturamento da Celine dentro de cinco anos. Perguntado pelo canal francês o que ele achava da primeira coleção, o homem mais rico da França disse: “Eu adorei!”
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