Sobre Clô Orozco e a Huis Clos
Em 2007 escrevi este texto sobre o trabalho da Clô Orozco. Publico novamente como uma homenagem ao que ela representa para a moda brasileira.
À brasileira
Os tecidos só rendem-se à gravidade com boa dose de relutância. Há muito a perder nesse jogo de precisão e todos os elementos têm sua cota de responsabilidade elevada. É como se o peso, a textura e a forma tivessem consciência de que o erro pontual poderia cancelar o todo e se afinassem para um concerto. Há ecos da Bauhaus, do idealismo do design utilitário e desprovido de adereços, mas essa racionalidade é equilibrada por uma ideologia emocionada. Não há cópias nas coleções Huis Clos, nem efeitos fáceis e inconseqüentes. Submetidas à razão que impõem ordem e cálculo, as roupas filiam-se a uma modernidade universal. O estilo amadurecido e discreto, e à primeira vista frio, dessa marca de nome francês, é sim uma tradição de excelência brasileira. Vem da arquitetura de Niemeyer, da música de João Gilberto e da geometria fina dos movimentos de fundo construtivo nas artes plásticas, que pairam sobre ela como uma herança formadora. Clô Orozco, o nome por trás da marca, costuma dar um nó na conversa e concentrar-se nos empregos que seu trabalho gera, desviando a atenção para questões sociais que antecedem a roupa refinada pela qual sua cliente paga.
Junho de 2007
Compartilhe a sua opinião!
Seu e-mail não ficara público. Campos requeridos estão marcados com *