Steampunk: a moda a vapor
Houve um tempo em que tudo, a moda, as artes, o cinema, dedicavam uma parcela expressiva de seu tempo pensando como seria o futuro.
A velocidade com que os progressos da ciência ocorreram, até a primeira metade do século XX, dava a idéia de que o futuro seria algo próximo e com alcances sensacionais. O futuro veio, mas em um formato diferente do que se imaginou, especialmente através de inovações digitais, do fluxo de informações e não através das sonhadas naves voadoras do cotidiano. O futuro, enfim, foi eficiente, porém, menos glamuroso.
Deste tempo, de um sonhado futuro pré-digital, ficou a estética e um certo flagrante de nossa ingenuidade e incapacidade de prever o futuro. Ficou também a admiração por mecanismos exuberantes (cujas referências iniciais são as máquinas a vapor) e uma resistente noção de modernidade antidigital.
Passaram-se vários anos até que a moda e o design redescobrissem esta estética, traduzida em um estilo atualmente chamado de steampunk (em uma tradução simples, punk a vapor). Este nome – “steampunk” -, surgiu em 1987, dado por K.W. Jeter. Jeter publicou em 1979 o livro de ficção científica Morlock Night, escrito com base nas idéias de H.G. Wells. Os Morlocks (criaturas fictícias do livro de Wells “A Máquina do Tempo”, de 1895) usam a máquina do tempo para ameaçar a Londres vitoriana. Jeter, em 1987, disse: “Pessoalmente, penso que as fantasias vitorianas serão a próxima grande referência, desde que consigamos definir um termo coletivo…. como ’steampunks’, talvez…” (tradução livre).
Nas imagens acima, cenas do filme Time Machine, de 2002, baseado no livro de Wells.
O steampunk usa como maior referência a era vitoriana (1837-1901) e as referências de ficção científica de Julio Verne, H.G. Wells, Mark Twain e Mary Shelley. O escritor americano G. D. Falksen, que aparece vestido à caráter (roupa-mecanismo criada por Thomas Willeford) na imagem acima, é um especialista no gênero. O recente filme de Martin Scorcese, “A Invenção de Hugo Cabret”, é uma homenagem a este estilo, que também pode ser conhecido por neo-realista ou neo-vitoriano. O filme “Voyage Dans le Lune” (1902), de George Méliès, um autêntico representante do “cinema futurista”, também tem sido muito lembrado como referência steampunk.
A moda não ficou alheia a este estilo. John Galiano, na coleção da Dior da primavera de 2010, fez um desfile com referências próprias do steampunk.
Sarah Burton, na primavera-verão de 2013 de Alexander McQueen também seguiu na mesma direção.
Na campanha outono-inverno 2012 a Prada vestiu Gary Oldman, Garrett Hedlund, Jamie Bell e Willem Dafoe com ternos steampunk (listras de ferrovias incluídas).
Imagem de editorial recente da Vogue holandesa confirma o avanço do steampunk. O fenômeno, perceptível no mundo da moda, foi também observado pela IBM em sua pesquisa “índice de sentimento social”, prevendo que o steampunk será a próxima grande tendência a se firmar no varejo.
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