Tetro
Basta o nome do Francis Ford Coppola na direção para que uma longa fila de cenas me volte á cabeça. Algumas delicadas, outras terríveis, e todas do tipo que não se esquece. Do Coppola, o mínimo que espero é que ele me tire da zona de conforto. Estou saindo agora da sala do cinema onde vi Tetro e ele fez isso outra vez. Em primeiro lugar, com uma direção que torna impossível não registrar cada acorde emocional acionado pelo trio central de atores. Em segundo com o mise en scène arrasa quarteirão. Filmado em preto e branco luminoso, Tetro tem fotografia excelente e paisagens de tirar o fôlego. A maior parte delas em Buenos Aires e a cidade é tratada com status de protagonista da trama.
O reencontro de dois irmão que não se vêem há uma década, interpretados por Vincent Gallo e Alden Ehrenreich, é assistido pelo personagem de Mariel Verdú, e tem todas as proporções de um drama intimista. Ao longo da trama este registro é alternado com medidas de dramalhão farsesco. É ziguezagueando entre um tom e outro que o Coppola conduz a narrativa e nos mantém colados nela. Me incomodei um pouco com estas gradações, particularmente com o tom grandioso de algumas sequências, mas em nenhum momento me descolei da trama.
Tem ainda Klaus Maria Brandauer, Carmem Maura, segredos revelados e paisagens da Patagônia de tirar o fôlego. Copolla também se diverte confundindo nossa viciada cultura cinematográfica. Introduz uma imagem que sugere um desdobradamento e ele não se cumpre, frustando as expectativas que o cinema manipula no atacado. O que voce espera que aconteça quando alguém encontra um revólver no fundo de uma gaveta? Ou quando um personagem potencialmente perigoso empunha um machado?
Imagens: divulgação.
Compartilhe a sua opinião!
Seu e-mail não ficara público. Campos requeridos estão marcados com *