Ontem à tarde fui a uma conversa com o artista alemão Thomas Demand na Subterrânea, galeria que  fica praticamente debaixo do hotel onde estou hospedado em Porto Alegre.  O mergulho intensivo na obra do Demand foi coroado com a abertura da exposição dele à noite.  Fui lá também. A partir de uma foto, Demand reconstitui minuciosamente um ambiente natural ou arquitetônico em maquetes no tamanho original, e fotografa esta maquete. Quando se tem esta informação, sabe-se que uma imagem da Sala Oval da Casa Branca registrada por ele não é uma imagem da Sala Oval da Casa Branca, mas a representação fotográfica de uma maquete (precariamente reproduzida por mais sofisticada que seja a maquete) da Sala Oval da Casa Branca. Ele tampouco está interessado na Sala Oval da Casa Branca e as maquetes, arduamente erigidas pelo artista, são destruídas em seguida. Não se consumam como esculturas e nem são propriamente modelos para a fotografia. No projeto de Demand as imagens que ele cria são como espelhos para o imaginário coletivo sobre um determinado lugar. Todos os possíveis sentidos atribuídos a elas são de quem os atribui. Além da escolha do artista, não há menor sinal de vida nelas além daqueles com os quais o espectador as preenche. (Caso ele se negue, a obra de Demand seria só um vazio e o artista um demiurgo do inútil?) Esta suspensão entre a falta de sentidos e a possibilidade de todos eles me parecem ser uma das chaves do trabalho dele. Na exposição em Porto Alegre ele zera o contador de sentidos mergulhando em nadas menores ainda que a Sala Oval da Casa Branca: balde com pá de lixo dentro, maçaneta de porta, bueiro. Não há grandeza nem na escala nem no modelo original. O post anterior era sobre o mesmo assunto. Assim que foi publicado um amigo me enviou um ótimo texto do Barry Schwabsky sobre o Thomas Demand. O autor levanta várias linhas de pensamento e aí vai o link. Para quem quiser ouvir uma voz bem fundamentada discorrendo sobre o tema.

http://www.thenation.com/doc/20091109/schwabsky