Truffaut: um cineasta apaixonado
O cinema e os livros eram a fuga do jovem François Truffaut de sua problemática infância. E foi esse período complicado que inspirou a criação de “Os Incompreendidos”, obra que o tornaria parte da história do cinema. Impulsivo, o diretor deixou os estudos com 14 anos e dois anos mais tarde criou um cineclube, através do qual conheceu André Bazin. Autor e crítico de cinema, Bazin torna-se tutor de Truffaut e vem a ser co-fundador do Cahiers du Cinéma, mais importante publicação francesa sobre o tema. Truffaut consolida-se nesse cenário quando passa a fazer parte da revista em 1953 e, em seu primeiro artigo, escreve um manifesto atacando a “tradição da qualidade” da velha guarda do cinema francês.
Um cinema autoral, intimista e de baixo orçamento era o que ele e nomes como Jean-Luc Godard e Alain Resnais defendiam no movimento que marcou o cinema francês dos anos 60. A Nouvelle Vague foi criada com base no conceito de política autoral de Truffaut, que pregava que toda obra artística era considerada uma produção individual. Por esse motivo seus filmes têm tanto de si mesmo e, por isso, o diretor criou o personagem Antoine Doinel para ser seu alter-ego nas telas.
Um passeio por este cinema verdadeiro e intimista é oferecido pelo Museu da Imagem e do Som de São Paulo, que recebe a exposição “Truffaut: um cineasta apaixonado”. Concebida pela Cinemateca Francesa, conta com mais de 600 itens relacionados ao diretor, desde fotos e roteiros com anotações até trechos de filmes e entrevistas com o artista. Documentos inéditos, redescobertos recentemente, são apresentados pela primeira vez. Através da exposição, é possível entender o universo pessoal do diretor –que tanto transborda em suas obras – e como ele construiu as narrativas de ficção. A exposição tem recorte diferente do apresentado pela Cinemateca Francesa, que apresentava a vida e obra do cineasta em ordem cronológica. Em São Paulo, a montagem revela Truffaut por meio do cinema e conta com uma expografia especial, com algumas salas voltadas para experiências sensoriais.
Exposição “Truffaut: um cineasta apaixonado” São Paulo Museu da Imagem e do Som Avenida Europa, 158 De 14 de julho a 18 de outubro Terças a sábados das 12h às 20h; domingos e feriados das 11h às 19h
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