Waltercio Caldas e os Múltiplos
Não me esqueço do impacto de ver pela primeira vez a obra do Waltercio Caldas. Entre o minimalismo e a arte conceitual, na época elas me abriram um território novo. Era um trabalho racional, aquele, mas de formalização sensível e elegante. E havia aquelas palavras certeiras expandindo os significados da obra, e era tanta a precisão no tornar a experiência intensa, com um quase nada de recursos, que me pareceu o avesso de tudo que era espetacular e apelativo.
O retrospecto explica porque é que, perambulando pelo Rio de Janeiro, comemorei ao dar de cara com uma exposição dele. Tratava-se de uma retrospectiva dos Múltiplos, ou seja, de trabalhos reprodutíveis, entre gravuras e outros objetos que o artista entendeu como passíveis de serem desdobrados em mais unidades.
A mostra está em uma pequena galeria na Dias Ferreira, a Múl-ti-plo Espaço Arte, que fica no prédio acima da livraria Argumento, no Leblon. Além das obras que compõem uma fatia conhecida da produção dele, oito peças são inéditas e uma delas foi realizada especialmente para a mostra. Do total de 30 que fazem parte da retrospectiva, e que acompanham a produção do artista desde o início dos anos 70 até hoje, a maioria foi vendida ainda durante a montagem.
São daqueles trabalhos que costumamos chamar de “menores”, nem sempre nos referindo ao formato. O termo e o sentido velado não se aplicam a todos eles. Há ótimas peças lá, ainda que uma ou outra pareça secundária em relação a outra maior.
A Mul.ti.plo Espaço Arte também lançou também um catálogo com toda a obra seriada de Waltercio Caldas, que nunca havia sido reunida em livro.
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