WENDYEL BORIN: VENCEDORA DO ACELERADOR DEMO 2017
Wendyel Borin é um projeto de marca feminina upcycling que se utiliza da desconstrução da alfaiataria masculina para criar uma nova opção de silhueta direcionada à mulher moderna. A proposta, dentro da moda sustentável, trabalha com peças remanescentes de alfaiataria a fim de prolongar a vida útil de uma matéria prima que está em desuso. Wendyel Borin é a idealizadora do projeto e a vencedora do Acelerador DEMO 2017.
A coleção que conquistou a banca de avaliadores foi criada para o Trabalho de Conclusão de Curso de Wendyel. Impressionou aos jurados a forma como a designer desenvolveu os signos da desconstrução em duas vias: a social e a da roupa em si mesma. Dos fragmentos de peças velhas às ressignificações em peças novas, ela discorreu sobre o upcycling, o ecofeminismo e as questões de gênero em discurso consistente. “A coleção Alma representa a união de elementos tanto estéticos, quanto motivacionais e sociais” explica Wendyel.
Além disso, o resultado do projeto é surpreendentemente maduro, considerando que ela ainda dá os primeiros passos na carreira de criadora.
O upcycling surge no contexto de compreender os malefícios da indústria da moda e buscar formas de aliar design à consciência ecológica. A alternativa tem sido utilizada por muitas marcas de moda sob a necessidade de se gerar menos impacto ambiental e menor quantidade de descartes têxteis. Entretanto, nem sempre os produtos de moda nascidos desta linha de pensamento alcançam bom nível técnico ou estético. Não é o caso com Wendyel Borin.
Operando com volumes em boas proporções, ela demonstra um ótimo entendimento da estrutura corporal. Em cortes e aberturas inesperadas, a roupa que ela apresenta estabelece diálogos instigantes com a anatomia, resultado de uma alfaiataria bem executada e perfeitamente adaptada ao feminino. Não é pouco. Nem é banal. Vale citar o bom trabalho de imagem realizado pelo fotógrafo Pedro Braga.
Deixando de lado a parte física da coleção, Wendyel ainda joga luz sobre outras questões determinantes. “O Ato de desconstruir para reconstruir revela questionamentos, medos e inseguranças que pairam sobre a sociedade. De forma que se pode inserir a preocupação pela extinção do planeta e de todas as suas espécies” reflete a jovem designer. E completa: “Ao mesmo tempo se observa que, de forma histórica, a luta da mulher pelos seus direitos sempre foi marcada pelo estereótipo de sedução e fragilidade. O uso de elementos da alfaiataria, como a calça, símbolo do vestuário masculino, apresenta a resistência às diferenciações de gênero. Forma de protesto contra a sociedade conservadora e meio de reivindicar pelos direitos da mulher na sociedade visando a liberdade e igualdade” diz ela.
O alinhamento entre capacidade conceitual, criativa e técnica apresentado pela designer alimenta positivamente as expectativas pelo futuro dela na cena da moda. Em novembro, depois de receber mentoria em produto, branding e P&V ela vai desfilar na DEMO- Design e Moda 2017, em Porto Alegre. E é claro que todos estarão lá para conferir!
Veja quem integrou a banca de avaliação:
Raul Krebs (Fotógrafo), Alice Floriano (Galeria Alice Floriano), Tatiana Laschuk (Uniritter), Patrícia Rocha (Revista Donna), Cassio Prates (Melissa), Ana Luiza Ferrão (Gang). Além do time DEMO:Eduardo Motta (Radar Consultoria), Fernanda Daudt (Radar Consultoria), Gabriel Vanoni(Pandorga), Ramon Steffen (Blast) e Vinicius Dambros Andrade (Pandorga)
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