A Bienal de Berlim

A Bienal de Berlim

20 de agosto de 2010 Arte, Opinião 0

 

Uma das decisões da curadora Kathrin Rhomberg, ao assumir a sexta edição de Bienal de Berlim, foi a transposição dos espaços expositivos para uma zona degradada da cidade chamada Kreuzberg. Bem longe das locações anteriores, que aconteciam em áreas urbanas onde se concentram galerias de arte e imóveis valorizados. Desde a década de 50 o Kreuzberg abriga trabalhadores, imigrantes turcos e de outras partes do mundo,  estudantes e desempregados em geral. Para Kathrin Rhomberg, “a área representa as sociedades Européias do futuro”, e com isso ela se refere à coexistência de diferentes nacionalidades em condições não lá muito satisfatórias.

A mudança é coerente com a intenção  de levar a discussão para as relações entre arte e realidade, o que a curadora cumpre oferecendo doses maciças de realidade e arte em estado bruto, na exposição que chamou de “What is Waiting Out There,”  (O que está esperando lá fora).

A Bienal viabilizou o acesso da Radar a um overview completo das exposições, acrescido de farta documentação visual de cada um dos 44 participantes, vídeos e textos abrangentes. Poucos trabalhos convidam a um tour pela arte/entretenimento, ou seduzem com aquela monumentalidade que atrai o grande público. A pegada é forte e a realidade é crua nessa Bienal alemã. Rhomberg coloca em pauta as formas como a arte se relaciona com o mundo supostamente fora dela; pobreza, terrorismo, migração, guerras, crises financeiras, e explicita esta frente de interesse da arte contemporânea, apontando os faróis para o político e para o social.


Muitas das obras abordam as relações com a paisagem urbana e suas modificações condicionadas por fatores  sociais impactantes. O artista kosovar Petrit Halilaj, por exemplo, construiu uma réplica idêntica da casa que sua família ergueu após a guerra do Kosovo.

Outras tratam do convívio em um mundo superpovoado e em transformação. É o caso das fotos do algeriano Mohamed Bourouissa, que registra a tensão social dos subúrbios de uma Paris que não é a do cartão postal.

Por hora fico com estas, mas, como o material é muito bom, esperem por novos posts. Um que está no forno, quase pronto para sair, é sobre a obra do Adolph Menzel, única concessão histórica de toda a Bienal, e também na linha soco no estômago. A primeira imagem, do neón que convida a desfrutrar a pobreza, é do Renzo Martens. Em seguida vem a casa de Petrit Halilaj, em fotos de Uwe Walter. Por último, uma das fotos de Bourouissa.

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