África e a produção de moda

África e a produção de moda

18 de agosto de 2015 Moda 0
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Manequins de rua em Adis Abeba. Etiópia. Foto: Paul Robinson

 

Recente estudo do Instituto McKinsey aponta que países do Leste da África, Etiópia e Quênia principalmente, tendem a se tornar grandes fornecedores de produtos de moda nos próximos anos. Diversas empresas europeias, como H&M, Primark e Tesco, começaram a comprar produtos na Etiópia e o interesse em outros países do Leste Africano só tem crescido.

Segundo Marc Compagnom, presidente da LF Sourcing, as oportunidades na África foram percebidas por empresas produtoras de outros mercados e, atualmente, existem investimentos internacionais chegando a países africanos. A expectativa, portanto, é de crescimento.

O continente já era fornecedor de produtos têxteis desde os anos 1980. Na época vigorava o Acordo Multifibras, que estabelecia quotas de vendas de produtos têxteis para os países desenvolvidos, com a finalidade de limitar a vantagem competitiva do baixo custo da mão-de-obra que países subdesenvolvidos tinham em relação à Europa e Estados Unidos. O impacto imediato do fim do Acordo Multifibras e de seu regime de quotas, em 2005, foi fazer com que a China saltasse à frente como a grande produtora de têxteis e vestuário, favorecida pelo seu custo, imbatível à época.

O recente crescimento da relevância dos países africanos, especialmente Etiópia e Quênia, como exportadores de produtos têxteis pode ser resumido em alguns fatores:
-Custo de mão de obra mais barata que na China
-Maior estabilidade política na região, mesmo que ainda distante de uma democracia consolidada.
– Grande potencial de produção de matérias-primas, como o algodão e o couro. Potencial, e não realidade. Condições sociais problemáticas, problemas de qualidade e de uso da terra ainda são barreiras reais.
-O acordo de livre comércio com os Estados Unidos que dá a países do sub-Saara acesso livre de impostos ao mercado norte americano, mediante algumas condições.

O cKinsey Institute entrevistou altos executivos de compras de produtos moda no qual incluiu questões focadas no Leste da África. O resultado foi que, de fato, o Leste da África pode se tornar um importante centro de vestuário, mas apenas se os elementos-chave – compradores, governos e produtores – trabalharem juntos para melhorar as condições de negócio na região.

Os governos tanto da Etiópia quanto do Quênia estão tomando medidas para desenvolver sua indústria têxtil e de vestuário. Ambos os países tem forças e fraquezas. A Etiópia tem algumas vantagens de custo, enquanto o Quênia tem vantagens de eficiência na produção. Em comum, há os desafios de infraestrutura, pesados processos alfandegários, escassez de talentos técnicos e de gestão e baixos níveis sociais e ambientais.

Este é, enfim, o cenário do potencial dos países do leste africano. Em um mercado em que o custo da mão de obra tradicionalmente é quem dá as cartas, parece inevitável que um percentual expressivo da produção de vestuário no mundo vá para estes países.

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