Amos Gitai no Palais de Tokyo

Amos Gitai no Palais de Tokyo

14 de abril de 2011 Arte, No Radar 0

A instalação Traces, do cineasta Amos Gitai, ocupa toda a imensa parte inferior do Palais de Tokyo, em Paris. O prédio está em processo de reconstrução e estão expostas as paredes desmoronadas, os buracos, os montes de entulho e os fragmentos de concreto e ferro que pendem do teto e brotam desordenados pelas paredes e pisos. São elementos, que normalmente seriam vistos de forma banal, e que se transformam em algo mais próximo de feridas, cicatrizes e ruínas emocionais, compondo o campo devastado que acolhe a instalação.

Gitai espalha projeções de trechos de seus filmes pelo ambiente. Elas são intencionalmente prejudicadas pelos anteparos destruídos, acompanhadas por trilhas que misturam os sons no espaço acidentado e escuro. No percurso, ele refaz a saga do próprio pai, Munio Gitai, um arquiteto judeu condenado pelos alemães na segunda guerra. Com esta carga histórico-emocional nas mãos, suficiente para nos mobilizar até a medula, o cineasta não erra o tom na abordagem de algo tão pessoal, e a visita à instalação é uma experiência que não dá para esquecer sob nenhum dos pontos de vista que ela pode ser lida.

Amos Gitaï faz um cinema militante e poético, do tipo que força o público a refletir sobre as experiências pessoais frente às situações de racismo e xenofobia.

A instalação abriu em fevereiro, fechou 10 de abril. Tive o privilégio de ver nos últimos dias. Aí vão algumas poucas imagens, mas na rede é só digitar para encontrar bons textos, vídeos e mais fotos.

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eduardo:

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