Black is beautiful

Black is beautiful

13 de dezembro de 2012 Opinião 0

Alek Wek

O Brasil tem orgulho de se declarar uma “democracia racial”, entretanto os reflexos de anos de escravidão, desigualdade e exploração deixaram uma herança indesejada. Parte dela vem sendo corrigida recentemente, seja por força de novas políticas, seja pelos movimentos de mercado.

Dados do último Censo do IBGE apontaram que os negros são maioria no Brasil, e é a primeira vez desde 1872 que isso ocorre. Entretanto, apesar de 50,7% dos brasileiros se auto-declararem negros, ainda não representam a força política e econômica dos negros norte americanos, que são apenas 13% da população.

Apesar dessa realidade, mudanças consideráveis tem acontecido no Brasil. Entre elas o crescimento da classe C, na qual, atualmente, cerca de 80% é de indivíduos negros.

Outro fator importante é que nos últimos cinco anos, a rede Globo, principal emissora de TV do país, tem escalado atores e apresentadores negros em posição de destaque na programação, diferente de pouco tempo atrás em que sempre cumpriam papéis de terceiro escalão. Pela emissora ser o que é, isso ajudou o crescimento de identificação entre a população negra, aumentando a auto estima e impulsionando uma infinidade de lançamentos de produtos dirigidos a essa fatia da população.

O cabelo cacheado ou ondulado, por exemplo, tornou-se motivo de orgulho para as mulheres negras e empresas que investem em produtos para esse tipo de cabelo, bem como em cosméticos específicos para a pele negra tem visto seus lucros crescerem consideravelmente.

Entretanto, vale reforçar que, “Nesse mundo simbólico do consumo, a classe média negra ainda se vê restrita a investidas de produtos cosméticos. Há poucos avanços quando buscamos ver a imagem de negros associada a produtos de bens de posse e de status”, cita a cientista social Ângela Figueiredo, da Universidade Federal da Bahia.

Depois de anos de “branqueamento” social, esses novos dados demonstram que talvez a ditadura branca esteja chegando ao fim. Os antigos grupos dominantes de consumo tem perdido força e novos modelos tem surgido ao longo dos últimos anos. Será que finalmente haverá espaço para todos? Todas estas movimentações tem um real siginificado de inclusão, corrigem falhas do passado, e as ações dirigidas a determinados tipos raciais fazem diferença circunstancialmente. Entretanto, chegaremos realmente a um ponto mais equilibrado, quando o consumo seja orientado pelo gosto, e não por diferenciação racial.

 

Imagem: Divulgação

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