A experiência de um designer brasileiro na Tailândia

A experiência de um designer brasileiro na Tailândia

27 de junho de 2016 Entrevistas, Moda, Opinião 0

maurício medeiros

Com uma carreira já consolidada no Brasil como designer e consultor criativo, Maurício Medeiros vive há dois anos em Bangkok trabalhando como diretor criativo da divisão de acessórios do grupo Jaspal, com presença muito forte no sudeste asiático. Conversei com Maurício em um jantar típico tailandês  no elegante Fac Bangkok, onde ele falou um pouco sobre sua experiência naquele mercado.

Maurício teve seu primeiro contato com o grupo Jaspal há mais dez anos, ao expor sua marca em uma feira na Alemanha. Eles estavam interessados em comprar seus produtos, mas o custo não fechava com o mercado explorado pela Footwork, uma rede lojas multimarcas de acessórios do grupo. Como o negócio não se concretizou, eles entraram em contato contratando-o para fazer design para o grupo. Desde então, se desenvolveu um relacionamento muito próximo com o grupo, tendo Maurício, inclusive, auxiliando a contratar designers e modelistas no Brasil para trabalhar na Tailândia.

Em 2012, foi convidado para trabalhar na Tailândia. Ele levou um ano para decidir aceitar o convite e mais outro para fazer a transição dos clientes que atendia no Brasil. Nesse período, Maurício já trabalhava exclusivamente como designer, tendo encerrado sua produção no Brasil.

O Grupo Jaspal é um dos maiores e mais tradicionais grupos de varejo da Tailândia. Ele possui 16 marcas próprias e franquias como Moschino Love, Fred Perry, Melissa, com lojas que se espalham pela Tailândia, Malásia, Singapura, Camboja e outros países do sudeste da Asia.

grupo jaspal

Segundo Medeiros, o varejo na Tailândia é muito dinâmico. O grande fluxo de turistas faz com que exista uma necessidade muito grande de serviços e experiências de consumo bem resolvidas, com um bom mix de lojas e design de ambientes.  Em uma pesquisa feita pela Jones Lang LaSalle, Bangkok está na 18º posição no ranking mundial de cidades mais atrativas para o varejo, logo à frente de Las Vegas. Isso não é pouco, se considerarmos que ela disputa o ranking com cidades como Paris, Nova York, Milão, Tóquio e Hong Kong.

A cultura hospitaleira e amável do tailandês faz com que o serviço seja único (assim como a língua e a deliciosa comida thai, sem similar no mundo).

Ele também relata que as diferenças culturais entre Tailândia e Brasil são enormes. Para começar a trabalhar por lá, o seu ponto de partida foi o entendimento da diferença de comportamento do consumidor brasileiro e tailandês.  A estética pessoal tailandesa obedece a uma lógica totalmente diferente daquela que rege o comportamento da mulher ocidental. A mulher thai considera sexy exibir o ombro, por exemplo.  Uma roupa curta não é considerada sexy. Já o decote é algo tão provocativo que se vê pouco. Medeiros diz que a cultura é tradicional e que a relação estética que  a mulher thai busca é com o padrão europeu.

O grupo Jaspal tem um DNA internacional muito forte e compra de vários países fazendo negócios em todo o sudeste asiático.

Maurício tem 22 designers em sua equipe e mantém um contato constante com o nosso mercado. A cada feira no Brasil, ele envia ao menos um designer e um comprador de sua equipe para acompanhar o movimento aqui.

Em termos de pesquisa, uma fonte muito usada por Maurício e suas equipes na Tailândia é o Thailand  Creative and  Design  Center (http://www.tcdc.or.th), que tem um arquivo extenso de produtos Made in Thailand e um acervo de mais  30 mil livros arte e design, além de uma materioteca valiosa. É um projeto ligado ao Ministério do Desenvolvimento do país, criado a partir do entendimento da necessidade de desenvolvimento de produtos com design autoral e identidade nacional.

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