DFB FESTIVAL 2018: SEGUNDO DIA

DFB FESTIVAL 2018: SEGUNDO DIA

18 de maio de 2018 Moda 0

Backstage André Sampaio. (Foto: Nicolas Gondim)

O segundo dia de DFB manteve as expectativas altas. Depois de um primeiro dia vibrante, com surpresas da categoria do boquiaberto, espetáculos e manifestos, a promessa era de conservar a simetria. A maratona de desfiles do dia II foi iniciada pelos novos talentos que passaram a integrar o line-up oficial do evento. As marcas estreantes mostraram moda autoral em sintonia com a linguagem de moda contemporânea sem limites territoriais — própria da nova geração. O fechamento ficou por conta da expertise de Iury Costa, num desfile aplaudido de pé e sem necessidade de falsa modéstia.

desfile d’aura

A estréia da D’aura no DFB tem temperamento sóbrio e discurso atualizado. O tom de austeridade monástica definiu a apresentação que elegeu uma paleta de cores formada quase que na totalidade por preto e branco. O duo, que para muitos autores representa o subconsciente, vai de encontro com a inspiração da marca nos ensaios do filósofo francês Deleuze sobre conexões humanas. A coleção parte de uma alfaiataria bem construída que vai tomando gosto por um esportivo comercial, bebendo das fontes do japonismo anti-moda dos anos 1990 e do desconstrutivismo belga que tem tomado frente nas linhas contemporâneas. O clima litúrgico é confirmado em modelagens experimentais de golas, croppeds e mangas bispo. Além de túnicas e capas. O último look — um conjunto esportivo vermelho — encerra o desfile com labaredas que unem céus e terras.

desfile ANDRÉ SAMpaio

A atmosfera do desfile de André Sampaio era de noites inseguras, com suas devidas e sedutoras peripécias. O teor de alta periculosidade foi de cara introduzido pela trilha sonora do final dos anos 80 — com o clássico vampiresco “noite preta” de Vange Leonel abrindo a apresentação. A mulher de Sampaio, uma motoqueira sexy entre city lights e letreiros fluorescentes, disputa por peças delicadas e experimentações mais agressivas: as faixas luminosas das jaquetas passam para scarpins, tubinhos de tweed e calças de cetim; entram os bodys asa delta de crochê e um acento de esportivo. Na cabeça, capacetes incrustados por pregos enferrujados e viseira neon. Veloz e voraz, como indica o nome da coleção.

desfile Gisela francK

Uma exposição da Japan House, em São Paulo, inspirou a estilista Gisela Franck a jogar o olhar para as dobraduras de papel e refletir sobre como se comportariam se transpostas para o tecido. O exercício de percepção uniu bases da arquitetura e paisagismo numa coleção parcialmente de tons claros com acentos análogos as cores das flores. A primeira parte da coleção opera com um preâmbulo um pouco incoeso — e as vezes, desinteressante —, mas logo o recheio se alimenta do conceito e recortes a laser passam a produzir uma flora de off-white em peças de linho ou crepe de seda. O tingimento a mão nutre vestidos de costura despretensiosa, como pétalas a um passo de cair.

desfile weider silveiro

Algumas das tendências internacionais se chocam na passarela de Weider Silveiro. O primeiro look traz a última obsessão fresca da moda: os hijabs. Acompanhadas das onipresentes botas-meia, peças com espírito conservador se abrem num exercício de mistura de padronagens que, por vezes, flertam com um color blocking estratégico. Profusão de póas, listras coloridas e estampas de um floral dark encharcam assimetrias, oversize midi e fendas com fivelas, desembarcando numa espécie de esportivo-chique.

desfile iury costa

Enquanto a delicada música francesa prepara o terreno, a primeira modelo sai das sombras e atravessa lentamente a escultura de metal no centro da passarela. Um ato bastante simples, inequívoco, mas que fala sobre a coleção de elegância cirúrgica de Iury Costa, encerrando o segundo dia de DFB Festival. Há um frescor evidente na silhueta flutuante de Iury, que balanceia tons quentes com aguados em amarrações, transparências e geometrismos. O leve sopro de setentismo em macacões de jeans e calças de cintura alta evidenciam uma sofisticação comercial sem excessos. Uma coleção que poupa redundâncias.

 

 

 

 

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