DFB FESTIVAL 2018: TERCEIRO DIA

DFB FESTIVAL 2018: TERCEIRO DIA

30 de maio de 2018 Moda 0

Backstage Ivanildo Nunes. (Foto: Nicolas Gondim)

O terceiro dia de DFB foi definido pela colisão entre os novos talentos e as mãos experientes que ajudaram a construir o evento. O sangue jovem da adrenalina estreante pulsa na passarela por onde desfilam também nomes notórios e as tradições do imaginário local. Essa sinergia que estimula e desafia ambas as gerações é o que a moda no Dragão produz de mais interessante. 

desfile herculano marques

As luzes neon de um telão de karaokê oitentista, tocando techno punk, oscilam na coleção de Herculano Marques. O tom sombrio-de-boutique da apresentação desembrulha vestidos tubinhos eletrizantes que ganham fluidez com tecidos de aspecto holográfico. Modelagem estruturada, manga presunto transparente, meia calça até a coxa e sombra magenta carregada nos olhos: a garota de apartamento de Herculano sonha em ser uma Nina Hagen.

desfile Rebeca Sampaio

Sabe-se lá de onde vem esse fascínio sedento que as passarelas têm pelos anos 80, mas abrir um desfile com “La Isla Bonita”, hit latino da Madonna, é uma declaração apaixonada — ainda que a persona em que a coleção foi inspirada discorde um pouco dessa afirmação. Rosie é uma turista inglesa recém saída de uma turbulência conjugal que desembarca em terras cearenses em busca de novas cores, calores e amores. O guarda-roupa dessa mulher logo passa a atestar os confrontos culturais: o chapéu porkpie recebe laços de cor forte e é combinado a vestidos fluídos em candy color, vestidos bodycon de cetim ou longos listrados presos por argolas ou maxi cintos de madeira. O couro — especialidade de Rebeca — entra em cena em tops, calças de cintura alta, pantacourt e no macacão com manga presunto pontiaguda, encarnando de leve a inspiração oitentista. A construção precisa da estilista revela cortes espertos que disputam espaço com peças altamente comerciais. O balanço entre eles cria uma coleção fresca.

desfile kallil nepomuceno

Kallil queria mesmo era falar dos amores nos tempos do cólera. Sejam eles os amores nostálgicos, exagerados; ou amores amargurados, ressentidos. O romantismo explícito do estilista traz em composições vintages os desejos por modos operandi do amar que há muito evaporaram. Em vestidos de seda pura emergem rosas e cartas apaixonadas, franjas se misturam a bordados de flores; veludos, laçarotes e plumas ocupam vestidos esvoaçantes que ora vem com decotes generosos, ora vem com decotes pudorosos. Não tem jeito: o amor de Kallil definitivamente não é deste século.

desfile jeferson ribeiro

Há um frescor latejante na coleção de Jeferson Ribeiro. Mas não do tipo brisa, um frescor de praia urbana, de choques entre transeuntes da metrópole e povos de zonas marítimas. O bicolor característico do estilista ressurge em alfaiatarias esportivas — como blusas presas por amarrações, vazados e bolsões. Em seguida dão licença para uma paleta mais quente de vestidos fluídos e estampados com referências a vulvas. É a versão sóbria e urbana de Jeferson para a inspiração na “Festa de Largo”, uma comemoração popular da Bahia de antigamente.

desfile iVANILDO NUNES

É difícil olhar para essa coleção de Ivanildo e não querer apontá-la como um belíssimo produto de alta-costura, um resultado incontestável da expertise artesanal do Ceará. O estilista contempla o cosmo e traduz sua percepção dele em rendas, pedrarias e bordados que se abrem quase que como mandalas caleidoscópicas. As princesas cósmicas de Ivanildo desfilam suas vestes abundantes em verdes, roxos e vermelhos, ocupando toda a extensão da passarela, enquanto o instrumental celta se encarrega de promover a atmosfera de conto de fadas.

 

 

 

 

 

 

 

 

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