Fabrice Hyber

Fabrice Hyber

17 de dezembro de 2012 Arte 0

Fabrice Hyber vem, há vários anos, se expressando de forma surpreendente no meio artístico francês. A habilidade em utilizar variados tipos de meios, materiais e espaços transforma suas obras em grandes realizações, sem cair no apelo da superprodução corrente nas obras públicas contemporâneas.

Uma das mais famosas é L’homme de Bessines (1989). Trata-se de uma série de esculturas em bronze cuja cor verde, a par de interpretações de que se refere a seres extraterrestres, fala da necessidade de integração do ambiente agrícola no ambiente urbano, algo muito peculiar no contexto da pequena comunidade de Bessines, no oeste da França.

l’Homme de Bessines

Em 1991, Hyber entrou para o livro dos recordes ao produzir o maior sabão do mundo (21 toneladas).

A partir de 2001, Hyber começou a organizar os C’Hyber rallies, ou rallys cibernéticos, uma rede ativa e sustentável de intercâmbio da arte, do ambiente e do público que ele encara como obra de arte.

Em 2007, uma escultura dele foi inaugurada pelo Presidente da França no Jardim de Luxemburgo, em Paris, rememorando a Abolição da Escravatura no país.

Le Cri, l’Écrit

Agora, Hyber está no Palácio de Tokyo, em Paris, com a mostra “Matérias-Primas”. Se a interação do público com a obra e a experimentação não é, propriamente, uma novidade, pode-se dizer que Hyber faz disso um acontecimento.

O visitante interage com a mostra em dois planos. Há um caminho que percorre as obras como uma passarela, em que se pode ver o ambiente e as pessoas à distância e, também, um caminho em que se passa por dentro da mostra, interagindo.

Descrever matérias primas “Matérias-Primas” em termos concretos reduz muito seu poder como obra, pois sua força está justamente na união de materiais, recursos e, sobretudo, experiências.

Na primeira sala, há a obra denominada “Os Linhos”(Le Linges), onde se forma uma paisagem de lençóis estendidos em um varal e o visitante circula neste cenário.

Les Linges

Na sala seguinte, há uma referência evidente do rural (não do bucólico, mas para um ambientes como silos, currais e estábulos). Para o visitante, esta experiência instantânea de mudança de contexto urbano-rural produz o efeito que o próprio Hyber chama de “SPA Mental” e esta experiência começa ao se atravessar um corretor de pés de milho.

Neste cenário, estão as matérias primas, os componentes orgânicos, minerais, a água, flores em decomposição, câmaras com experiências de vento e trovões. Ou seja, as “Matérias-Primas”, que Hyber entende como algo atômico, prestes a se transformar em alguma outra coisa.

SPA Mental

Na mostra, são também revisitados trabalhos anteriores. É o caso da bola quadrada, da série Prototypes d’Objets en Fonctionnement (1991-2012). A bola quadrada, porém, não vem apresentada como um objeto isolado, mas em uma sala em que todos os cantos são projetadas imagens da própria sala e, cria-se, no visitante, a expectativa de que sua imagem seja projetada em uma das paredes. No entanto, as imagem começam a mostrar a sala sendo povoada por dois times que jogarão uma partida do “jogo da bola quadrada”.

Hyber, apesar de não ser panfletário, é um artista transformador, preocupado em também reproduzir no público uma dose de transformação, em fazer com que se desenvolvam novas percepções e se abram as preconcepções. Como não está preocupado em convencer ou impressionar, ao invés de causar impacto ou chocar o público, Hyber preferiu sempre o caminho da surpresa e do não-usual.

 Suas obras, já se disse, são realizações e, como realizador, há que se referir, Hyber tem tido muito sucesso. Consegue aglutinar patrocinadores e parceiros –como Swarowsky e 3M- demonstrando criatividade também para os negócios.

Imagens Palais de Tokyo, divulgação e Acervo Fernanda Daudt

Sobre o autor

ferdaudt:

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