HIGHLIGHTS DA SEMANA DE MODA MASCULINA DE MILÃO OUTONO 2018

HIGHLIGHTS DA SEMANA DE MODA MASCULINA DE MILÃO OUTONO 2018

23 de janeiro de 2018 Moda 0

Moschino Outono-Inverno 2018/19.

Assim como a semana londrina, a Semana de Moda Masculina de Milão se apresentou à público com alguns nomes importantes a menos: Gucci, Bottega Veneta e Salvatore Ferragamo aderiram ao formato de apresentação conjunta na semana de moda feminina. Mesmo assim, com folga de alguns dias no line-up, a semana milanesa dessa temporada foi substancialmente mais interessante do que a anterior.

No geral, temporadas invernais são produtoras de desfiles considerados mais impactantes em relação aos apresentados nas semanas de primavera — sobretudo no que diz respeito a composição elaborada de imagens de moda e estudos de sobreposição. Dentro dessa perspectiva, um twist necessário marcou essa temporada: a fuga da mímica viciosa que marcas tradicionais andavam fazendo  de marcas esportivas. Não foram muito longe, mas passaram a promover uma mescla de sinais da própria identidade aos sinais do incontornável campo do athleisure.

A título de exemplo temos a Versace. Donatella entregou uma coleção cheia de contrapontos espertos, que fundiram as principais tendências ao seu gosto excêntrico. Jaquetas acolchoadas de veludo com tênis de malha. Camisetas de modelagem longa com botas de gáspea metalizada. Profusão de patchwork de tartan, leopardo, zebra sob cachecóis impregnados de logomania. Na porção feminina do desfile: bota cuissarde, saia colegial, moletom oversize. Versace, enfim, devolve ao atleta o estigma mitológico.

Parece óbvio, nesta temporada, falar de maneirismos na moda, já que assimilar tendências à maneira da marca que as manipula é esperável. Ao que indica, a Palm Angels entendeu o assunto. Nessa coleção, o esportivo se camufla em meio a um styling que mistura elementos do punk ao uma figura maliciosa de cowboy — elemento que integra a identidade da marca. O conjuntinho jeans clássico com cinto de fivela grande vai por baixo da capa de chuva. A calça de veludo cotelê de shape setentista se mistura a jaquetas de material plastificado. Tudo isso arrematado por tocas incrustadas de spikes grandes. O tom americano gótico fica evidente na estampa da jaqueta: uma imagem do quadro “American Gothic” de Grant Wood.

Para quem se acostumou ao hiperbolismo festivo de Jeremy Scott, possivelmente se surpreendeu com essa coleção da Moschino de ares experimentais, tendendo para o lado da alfaiataria. O assuntou soou sério. E para falar de liberdade sexual, bondage e fetiches, Scott levou à passarela uma série de modelos de gênero-neutro trajados com roupas de látex, espartilhos, risca de giz, botas militares e quepes policiais em conjuntos de couro. Ao final da apresentação, uma dupla de modelos unidos pelo mesmo smooking revela bem a metáfora do jogo dos sexos proposto por ele.

Tudo o que faz um desfile Dolce & Gabbana permanecer sendo um desfile Dolce & Gabbana deu as caras na passarela: arabescos dourados bordados em casaquetos de shape rococó, ternos estampados com padrões de folhagens, anjinhos gregos e grafia de jornal. Shorts de paetês, animal print e franjas. E muito, muito veludo. Inclusive a interpretação da tendência pijama trazida em blazers que pareciam roupões de banho. A cada estação, D&G parece gostar mais da ideia de criar roupas para uma versão moderna do pianista Liberace.

O casting de modelos da MSGM é curioso: nenhum dos meninos era profissional. O desfile aconteceu na Università Statale de Milão, lugar que Massimo Giorgetti foi para encontrar estudantes universitários dispostos a participar do desfile. Os New Faces cruzaram a passarela em camisas de seda rosa combinadas a calça jeans de lavagem básica e shape noventista. Sobreposição de cardigans oversized e casacos ao estilo Pendleton. Jaquetas acolchoadas por cima de alfaiataria de modelagem ampla. Um ecletismo interessante referenciando o preppy dos campus universitários.

A parte superior de um trem posicionado na passarela da Daks já anunciava o espírito da apresentação: uma viagem color blocking pelos anos 60. E o shape sessentista surtiu em golas rolês altas, suéter felpudos de cor quente, blazer de veludo e padrões naturalistas. Um styling que propôs clima de viagem vintage,  com direito a flor na lapela arrematado por chapéu de maquinista com espirito cartoon.

Ainda no universo das viagens, a Fendi organizou a coleção dentro de um aeroporto. Simulando no centro da passarela uma esteira de bagagens, fez rolar itens de viagem da marca. ao mesmo tempo, modelos desfilavam peças mergulhadas em alto teor de conforto em uma paleta de tons caramelados. O inverno Fendi é menos sobre peles que a marca gosta de usar, e mais sobre sutileza.

 

 

 

 

 

Sobre o autor

admin:

0 Comments

Compartilhe a sua opinião!

Seu e-mail não ficara público. Campos requeridos estão marcados com *

Deixe um comentário