Na Bienal de Veneza, o pavilhão de Portugal encontrou uma forma muito especial de se integrar com a cidade. Unindo as tradições lusitanas e venezianas de navegação, o pavilhão é um barco atracado junto ao Giardini . Assim como os vaporetos que transitam pela cidade, ele também navega por Veneza em dois horários durante o dia.
O projeto analisa a relação histórica entre Portugal e Itália, entre o local e o global e entre a tradição e a contemporaneidade.

Entrando neste barco e passando por esta portinha estreita, você mergulha no universo da artista portuguesa Joana Vasconcelos, representante do seu país na Bienal. Lá dentro, uma atmosfera onírica, construído em lâmpadas e paciente artesania aguarda o visitante.
Formas orgânicas suspensas do teto  interagem com toda a estrutura arquitetônica. A obra é um complexo patchwork azul e branco que cobre o teto e as paredes, de onde emerge um emaranhado de peças crochetadas que incorporam LEDs. A instalação sugere uma atmosfera uterina e surreal que nos faz pensar no fundo do mar – um cenário que poderia ser do livro Vinte Mil Léguas Submarinas, de Jules Verne, ou alusivo à narrativa bíblica de Jonas e a Baleia. A obra envolve os visitantes e, ao som de um triste e delicado fado, nos leva a uma experiência tanto intelectual como sensorial.
Estas delirantes paisagens foram realizadas à mão por um grupo de 100 mulheres durante 6 meses.
Já no exterior do navio, da proa à popa, a artista aplica um painel de azulejos de grande escala em azul e branco, pintado à mão, que reproduz uma vista contemporânea de Lisboa, convocando a dimensão arquitetural da azulejaria portuguesa contra a paisagem veneziana.