Moda e projetos de identidade cultural no México

Moda e projetos de identidade cultural no México

25 de novembro de 2014 Moda 0

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A cultura mexicana é repleta de arquétipos conhecidos planetariamente. Através da história, os mexicanos deixaram, em representações artísticas, uma visão de mundo particular e um imaginário visual contundente.

A moda contemporânea tem sido bastante influenciada pela arte indígena mexicana, principalmente pela tribo Huichols, um dos grupos mais importantes do país. As pinturas de fios, as tramas, a arte com miçangas – tradicionalmente feitas sob efeito da mescalina contida no peyote – são bem conhecidas em todo o mundo e, no momento, entraram em outro ciclo de prestígio na moda contemporânea.

Os símbolos religiosos são outra fonte de referências, recorrentemente incorporados pela moda. É o caso da Virgem de Guadalupe, importante ícone da cultura mexicana, síntese do catolicismo do país e que tem sido inspiração recorrente para designers.

Não são poucos os estilistas mergulhados nestes acervos de identidade cultural, trazendo imagens e técnicas artesanais típicas para o vestuário contemporâneo. Se até pouco tempo atrás, eram considerados apenas expressões populares, agora eles estão em projetos de designers como Lídia Pineda Covalin, Denisse Kuri, Cristina Larue e Takasami. Todos eles consolidaram coleções com base em culturas indígenas e estabelecem vínculos com artistas e artesãos locais nos processos de trabalho.

Designers internacionais como a austríaca Susanne Bisovsky, a espanhola Maya Hansen e o francês Christian Louboutin já prestaram homenagens a tradições mexicanas bem conhecidas, como o Dia dos Mortos, e personagens femininas do folclore como La Catrina e Tehuana.

Alguns projetos vêm firmando compromissos com a moda mexicana no sentido de resgatar e transmitir conhecimento em favor da preservação do artesanato e técnicas de trabalhos manuais locais. Grupos como o Amanoarte, funcionam como uma plataforma de apoio a mulheres indígenas mexicanas que trabalham sem sair de suas comunidades. Partem da premissa de que o valor de inovação pertence ao próprio grupo. Além disso, dão ênfase em um comércio justo. Como afirmam os gestores do Amanoarte: “Somos uma organização rentável, mas o mais importante para nós é a finalidade.”

A Fábrica Social é outra iniciativa que combina moda, design feito à mão, bordados tradicionais, trabalho cooperativo e internacionalização. Fundada em 2006 por dois designers, é uma empresa que ajuda os artesãos têxteis de comunidades em todo o país a desenvolver suas habilidades. Oferece cursos de design nas comunidades e trabalha a recuperação de técnicas de artesanato, integrando-as a novas ferramentas e processos. Além disso, oferece regularmente uma visão geral das tendências de moda internacionais cuidando para que o produto final desenvolvido encontre lugar no mercado. Atualmente trabalham com um grupo de 130 mulheres que produzem peças de vestuário bordadas à mão além de teares que utilizam fibras naturais e fazem reaproveitamento de tecidos antigos.

Os tecidos são oferecidos a designers de roupas e acessórios. O preço é montado considerando a complexidade do trabalho e do tempo gasto em cada peça. Estas informações estão em rótulos para que os compradores possam avaliar o real valor do produto que tem nas mãos.

É bom ficar de olho no México.

 

 

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