Normcore, hipsters, moda masculina e banalidade

Normcore, hipsters, moda masculina e banalidade

3 de julho de 2014 Moda 0

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Basta olhar em torno para nos darmos conta que o planeta está repleto de gente enfiada em moletons, imersa em uma densa nuvem de desinteresse pela singularidade pessoal. Compreensivelmente, esta multidão ficava de fora do radar da mídia de moda. Era assim até ela ganhar espaço onde não devia. Hoje, é o fenômeno da roupa banal que deixa de cabelo em pé a criação de moda que dá valor à diferença.

E qual tem sido a saída para as marcas de design estremecidas diante da “gaperização” da oferta? Até agora, a principal estratégia tem sido dar ao mundo sua própria cota de moletons e calças jeans. Só que assinados. Só que bordados. Só que estampados. Só que cravejados de swarovskis, só que protegidos pela aura das parcerias com a arte e embalados por campanhas milimetricamente calculadas para simular despretensão.

Dá para associar este desejo pelo banal a um sintoma de esgotamento com a moda? Com alguns princípios dela, com certeza. Entretanto, nenhuma conclusão é exata neste terreno e ninguém duvida que o que surge como ameaça para a moda costuma ser exatamente aquilo que vai revigorar o seu funcionamento. Haja visto a última coleção Prada, uma lição de como fazer do desinteressante algo a ser olhado duas vezes.

Aí vão três ocorrências recentes que, se não são respostas ao que se configurou como um problema, alimentam a conversa.

1- A normalidade hipster. Nos seus 15 minutos de contracultura, antes de virar estereótipo, ela contribuiu para o fim da invisibilidade fashion da multidão adepta dos básicos.

2- O conceito normcore. Surgido para identificar o miolo duro da banalidade que define a roupa e o comportamento na vida real. Já não era possível fechar os olhos diante da invasão de “normalidade” que dominara mercados e hábitos.

3- A corrida ao masculino. A recém encerrada temporada de moda masculina – a melhor que pude testemunhar em um longo período – confirma que é para a roupa dos rapazes, terreno ainda com áreas a ser exploradas, que estão migrando as oportunidades de por em prática a inventividade na hora de fazer moda.

É fácil esquecer que mudanças não acontecem apenas com o que está na moda: elas acontecem com a moda em si mesma. Não tem nada definido nessa curta História dela. Assim como o banal pode dar lugar à excentricidade duas estações adiante, o papel que a moda tem hoje pode não ser o mesmo no futuro próximo. Melhor não tomar nada disso como normal.

Ou banal.

rick-owens-ssImagens: Prada e Rick Owens – Divulgação

 

 

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