O Estadão e Inhotim
Jardim no Inhotim
Que matéria triste, a assinada pelo Jotabê Medeiros no Estado de São Paulo, do dia 15. O assunto é o Inhotim, o museu de arte contemporânea a céu aberto que fica em Brumadinho, cidade a uma hora de Belo Horizonte. Quem já esteve lá sabe que um projeto como aquele é mesmo ambicioso, e não há como não engolir verbas imensas.
Um dos vários pavilhões contruídos para abrigar obrasO que é estranho é que o jornalista trata ambição e gastos grandiosos como se eles fossem um mal em si. Ele se dedica a apontar prováveis irregularidades sem oferecer nenhum dado confiável para corroborar o que diz. A única informação é que o TCU não aprovou um uma reivindicação do museu sobre tempo de uso de um provável Centro de Convenções, a ser construído no terreno dele com dinheiro público. Mas até onde o artigo informa era um projeto e não um fato consumado. Sobre verbas e isenções que o museu angariou até hoje, ele mesmo cuida de registrar que foram dentro dos parâmetros das leis de patrocínio cultural vigentes no país.
Cosmococa, do Oitica e do Neville de Almeida, e Desvio para o vermelho, do Cildo Meireles
Em várias passagens as insinuações são mais adequadas para matar o tempo em revistas de fofocas de salas de espera, do que para o respeitável Caderno 2 do Estadão. É um texto ardiloso e recalcado. Faz tudo parecer feio e errado sem dizer por que. O autor também desconhece, ou ignora propositalmente, qualquer qualidade no projeto. Ou mesmo na arte contemporânea. Pode-se alegar que não era esta pauta. Mas então, qual era? Terminei de ler sem saber se há mesmo algum tipo de irregularidade na construção da tal ponte, nem porque agressivas políticas de residências artísticas seriam condenáveis. Em compensação, aprendi que o queijo gorgonzola com peras é algo muito condenável, e servi-los, ou comê-los, é práticamente uma confissão de culpa (sic). Também me tornei bem mais desconfiado sobre depoimentos otimistas de senhoras humildes do interior (sic outra vez).
Hélio Oitica a céu aberto
Depois de conseguir a façanha de transformar um ingresso de 15 reais (preço de uma entrada de cinema em qualquer capital) em algo quase pecaminoso, o autor do artigo esquece muitas coisas mais para manter a objetividade da sua pauta. Deixa de lado o fato de que este é o país onde pontes são construídas às pressas todos os dias para levar até fazendas particulares, e não para dar acesso a instituições de arte. Também não leva em conta que, entre as muitas excentricidades dos super-ricos brasileiros, quase não existem registros de quem tenha optado por gastar seus milhões em instituições culturais. Nada disso justificaria irregularidades, obviamente, no caso delas existirem. Mas o acervo do Inhotim, o botânico e o de arte, e todo o projeto como realização cultural e social, é de dar orgulho, e não vergonha, como faz parecer o autor do texto.
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