O fim do começo em Paris

O fim do começo em Paris

11 de março de 2016 Moda, Opinião 0
Louis Vuitton

Louis Vuitton

Recentemente, a SPFW abraçou o see now buy now e anunciou que as coleções apresentadas durante a semana estarão à venda nas lojas imediatamente. Realidade adotada por algumas marcas também no âmbito internacional, principalmente em NY e Londres. Em oposição à esta pressa, a Câmara de Milão e a de Paris anunciaram que não vão adotar o novo sistema e, inclusive, optam por reforçar o encantamento e a magia propiciados pelos desfiles.

Como que em resposta à discussão, algumas marcas de Paris apresentaram as coleções de ready to wear como se fossem de alta costura, retornando ao formato intimista do passado. As principais marcas a despirem-se de todo o espetáculo foram Saint Laurent e Chanel.  A primeira abriu o desfile com um Le Smoking na nova Maison da YSL Couture, sem música de fundo, apenas os comentários pontuais de Bénédicte de Ginestous (voz que anunciou as saídas de todos os desfiles de Alta Costura da YSL de 1977 à 2002) anunciavam a saída e entrada de um novo look na passarela. Em relação a roupa, foi um bom desfile à la Slimane, com brilhos, comprimentos curtos e grande foco nos ombros e decotes. Na Chanel, depois de supermercado, aeroporto e cassino, Karl Lagerfeld, eliminou a extravagância e montou uma grande sala (foram 2mil convidados) de apresentação no formato das de Alta Costura do passado. No desfile, clássicos Chanel misturaram-se com streetwear, levando a um dos melhores momentos do desfile que foram as misturas de tweed com denim em peças clássicas da Maison.

A mistura de clássicos com streetwear também foi a pauta na estreia de Demna Gvasalia, da Vetements, na Balenciaga. O designer, atualizou a marca através das formas clássicas da Maison em  peças em tecidos como nylon e acolchoados. Destaque especial para a jaqueta de nylon com ombros proeminentes. Enquanto isso, na Vetements, Demna Gvasalia, fez um bom trabalho de streetwear e redesenho de silhueta, também valorizando os ombros que, nesta temporada, tornaram ponto-chave de algumas coleções.

Na Vuitton de Ghesquière, o streetwear mistura-se com o esportivo confortável, perfeito para a mulher que está em constante movimento ou viajando.De certa forma é uma atualização e uma comemoração do DNA da marca francesa que começou a trajetória com malas e bolsas de viagem. Ver como Ghesquière incorpora e reinterpreta o DNA das casas, tanto na sua época de Balenciaga, quanto agora na Vuitton é um prazer à parte e um talento em falta no mercado.

Pontos também para as coleções incrivelmente bem elaboradas que deram um show de construção tanto de roupa como de imagem de moda da Commes Des Garçons, Junya Watanabe, Issey Miyake e Yamamoto.

Entretanto, o maior influenciador de estilo na cidade luz veio direto de Milão. O efeito Gucci parece que chegou em Paris. Grandes marcas apostaram no quanto mais melhor, misturando padrões, texturas, e elementos. Algumas acertando em cheio, como no streetwear delicado da Miu Miu com misturas de denim, tecidos clássicos e motivos florais. Na mistura de padrões, formas e texturas da Sacai e nas lindas estampas de leopardo em looks clássicos da Dries Van Noten. Outras nem tanto, como na morna coleção da Givenchy inspirada no Egito que partiu em uma direção diferente da que a marca construiu nas últimas temporadas, levando a questionar se era realmente Givenchy ou alguma mistura  de Gucci com Roberto Cavalli e Louis Vuitton.

Paris encerrou a rodada de desfiles internacionais de Inverno deixando no saldo geral da temporada alguns pontos principais como o grande foco nos ombros, o maximalismo, as misturas de denim com materiais e modelagens clássicas, o streetwear confortável e a relação de amor e ódio com o verde musgo.

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