O Melhor da Fashion Week de Londres

O Melhor da Fashion Week de Londres

3 de março de 2017 Calendário, Moda 0
Versus Versace Fall 2017

Versus Versace Fall 2017

 

A Fashion Week de Londres confirmou o sentimento das semanas de moda anteriores: há muito o que  dizer sobre as conjunturas política e social mundiais – e a moda é uma ótima plataforma para isso. Londres, entretanto, serviu mais como laboratório de experimentos e de manifestações integradas à roupa do que um canal de críticas explícitas à política e ao conservadorismo, como em Nova York.

Marques ‘ Almeida, duo de designers portugueses, conseguiu capturar a diversidade cultural da juventude londrina. Inspirada no trabalho de Malick Sidibé, fotógrafo que retratou a juventude africana dos anos 60 e 70, no Mali, a coleção é majoritariamente geométrica em termos de padronagens, a não ser por um casaco à Vetements. Há um resgate daquelas décadas, quando a juventude também em Londres quebrava paradigmas e ansiava por períodos de maior liberdade. Com um casting diverso e inspirações libertárias – em um período como o atual – a coleção Marques ‘ Almeida vai muito além de simples geometrismo e color blocking.

 

 

Versus, de Donatella Versace, também teve inspiração na juventude, porém na contemporânea. Dizendo-se otimista com o período que vivemos, Donatella afirma que confia na juventude e que hoje não há mais espaço para retrocessos nos direitos das mulheres. Invocando o espírito rock ‘n’ roll, a coleção apresentou mistura com apelo esportivo, cortes profundos, fendas, grandes zíperes e mangas volumosas.

 

 

J.W. Anderson, ao contrário, apresentou coleção complexa, como se fizesse da passarela seu laboratório de experimentações. Chamando a coleção de uma “Odisséia de estilo”, o designer explicou que se tratava de uma percepção multifacetada que resultava como um todo. Através de experimentos com diferentes caimentos, deslocamento da linha da cintura e principalmente mistura entre tecidos, ele fez outro convincente statement experimental e estético.

 

 

Outro designer que apresentou experimentações foi Christopher Kane. Assumidamente inspirado em técnicos de laboratório e trabalhadores de fábricas, ele apresentou peças de tecidos diferentes que à primeira vista não davam unidade à coleção: tafetá, seda, malhas e pele. Kane deixou a espontaneidade guiar a escolha de tecidos e formas, sem seguir uma linearidade de pensamento, mas adotou um alto nível de execução técnica.

Outros momentos memoráveis marcaram a semana, como o mega desfile da Burberry. Alinhada com o see now by now, a marca encerrou a apresentação de roupas para serem compradas na hora, acrescentando peças complementares super elaboradas para a passagem final. O recado era de que é possível conciliar o sistema de venda imediata com ousadias estilísticas. O diretor criativo Christopher Bailey reforçou a ideia realizando o desfile em meio a esculturas originais de Henry Moore.  A receita, que rebate as críticas de possível empobrecimento criativo nos desfiles see now by now, funcionou para a Burberry, marca com um budget enorme para realizar um desfile. O impacto de fazer roupa para vender na hora sobre os desfiles de marcas com menor cacife já é outro assunto.

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