O tiro certeiro de Tarantino

O tiro certeiro de Tarantino

8 de fevereiro de 2013 Arte 0

django

Nas artes, o reconhecimento e a compreensão do conteúdo da obra podem levar muito tempo para acontecer, às vezes, mais que a própria vida do artista. Um exemplo clássico é o de Van Gogh. Ele nunca vendeu um quadro em vida, e mudou a história da arte, que nunca mais foi a mesma a partir da obra dele..

No cinema, porém, tudo acontece de forma instantânea. Como uma forma arte popular e de grande alcance, o cinema elege ainda em vida seus gênios. Quentin Tarantino é, definitivamente, um deles.
As narrativas sangrentas do diretor trouxeram uma nova maneira de se narrar uma história. Um pouco em função da maneira como ele lida com ordem cronológica (dividindo o longa em uma sequencia  de curtas); outro tanto em função da mistura do realismo com o exagero. Junte-se isso a paixão dele por filmes “trash” e uma trilha sonora impecável, e  tem-se um cinema de grande impacto. A presença de superastros (atuais ou esquecidos) em papéis para lá de improváveis é outro elemento da mistura e o resultado é que o cinema pós Tarantino é outro.
Tarantino, é claro, não agrada a todos. Em “Django Livre”, foi acusado por Spike Lee de desrespeito.  Lee definitivamente não gostou do uso repetido da palavra ‘nigger’.
Mas é só assistir a qualquer filme de Tarantino para  compreender que o politicamente correto é um de seus alvos preferidos. Isto é consequencia de uma peculiar forma de compor  personagens. São seres humanos na completa acepçao da palavra e, como tal, vem carregado de defeitos.
Nesta composição de personagens, Tarantino ganhou um grande aliado, que tem dado um brilho incomum a seus filmes: Cristopher Walz. Walz já tinha dominado “Bastardos Inglórios”. Ele ganhou um Oscar por sua atuação como um ambicioso e implacável oficial da SS. Em “Django Livre” Walz é um caçador de recompensas no Velho Oeste, adotando o mesmo estilo “sádico-letrado”.
Se o cinema nunca mais será o mesmo depois de Tarantino, é certo que os filmes de Tarantino nunca mais serão os mesmos depois de Cristoph Walz.

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ferdaudt:

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