Pelos e barbados. Perdas e danos

Pelos e barbados. Perdas e danos

27 de agosto de 2013 Opinião 0

Nils Ericson

Mudanças acontecem desde o início dos tempos. Algumas delas, mais repentinas, já derrubaram impérios, jogaram celebridades no anonimato e levaram poderosos à falência. Tudo muda muito mais rápido hoje e ainda assim é sempre impressionante testemunhá-las. A moda impõem mudanças planejadas, artificiais em grande parte, e mesmo assim gostamos delas. Outras são menos voláteis. Dependendo do recorte de tempo, podemos até dizer que chegam lentamente. De repente nos damos conta que já aconteceram, derrubaram o que parecia inabalável e é hora de contabilizar ganhos e perdas. No momento, só se fala no prejuízo que um novo paradigma estético, o do homem barbado como modelo de beleza, vem causando às gigantes do setor de cosméticos e aparelhos destinados a eliminar os pelos do rosto. Procter & Gamble, fabricante da linha de produtos da Gillete e Energizer, jogou a toalha e declarou que as vendas despencaram ameaçadoramente. “Culpa dos hipsters!” Dizem alguns prejudicados, em busca de culpados e de explicações. Até recentemente indesejáveis, pelos são tão desejados agora que as estatísticas apontam um crescimento absurdo de implantes nas clínicas de cirurgia plástica. Parecem ter escapado de vez da extinção, à qual já pareceram condenados quando tudo girava em torno de novas técnicas de depilação e de lâminas sempre mais especializadas e eficientes em erradicar o mal, ou melhor, o pobre pelo, pela raiz.

Apesar de irromper na estética masculina contemporânea como novidade, a barba tem dominado a cena e os rostos ao longo dos séculos. Os gregos antigos consideravam a barba um sinal de virilidade. Para os europeus no final do século 19 ela era um sinal de respeito e afirmação de status. A geração beat inverteu os valores e fez da barba um sinal da contracultura. Os hippies viam nela mais um laço com a mãe natureza. Nas décadas recentes ela praticamente desapareceu. Ofuscada pelo desejo de parecer mais jovem e pela ação da indústria cosmética que entronizou o look “limpinho”, talvez. Seja como for, ela está de volta. Descartáveis são todos os aparelhos criados para eliminá-las. Foi o que descobriram os fabricantes.

A imagem é do fotógrafo Nils Ericson. Para saber mais sobre o trabalho dele: http://www.flandersartgallery.com/artistprofile/nils-ericson

 

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