Segundo e terceiro dia de Fashion Rio

Segundo e terceiro dia de Fashion Rio

14 de novembro de 2012 Moda 0

Leia neste post um comentário curto sobre cada uma das marcas que desfilaram no segundo e no terceiro dia do Fashion Rio.

DIA 2

Oestudio

OEstudio encontrou um bom equilíbrio para sua roupa fixando-se em pontos nos quais o coletivo de criação carioca sempre se saiu melhor: as proporções e cortes inventivos, dentro de uma visão de estilo urbano. Alguns looks dessa coleção parecem particularmente frescos, concebidos com evidente prazer, são precisos sem se esforçar para isso. O conjunto negro de camisa e saia no joelho, a calça extra large e curta, para ela, e a alfaiataria, para ele, são momentos especialmente bem sucedidos.

Sacada

Cortejando o esportivo, ao trabalhar com neoprene, e manipulando as cores isoladamente, o desfile abriu em azul cobalto e evoluiu até chegar a um belo tom de amarelo. A Sacada não se perdeu, mas também não protagonizou um grande momento, apresentando-se de forma corretae com um cuidado evidente no trato com os materiais. A modelagem com poucos elementos, cintura marcada e saias cheias, exige um domínio da silhueta que nem sempre se consuma com a devida graça, mas o resultado é positivo, na maneira de ser desta roupa elegante e contida, que tem justamente no desenho da forma final sua maior força.

Filhas de Gaia

A Filhas de Gaia se sustentou dentro do seu repertório explorando cortes inesperados e assimetrias em coleção de poucos looks. Mais uma nessa edição que trabalha em prol do alinhamento do calendário nacional, de certa forma expondo as dificuldades de se criar em prazo tão curto para dar conta de três coleções em um ano só, como aconteceu extraordináriamente em 2012. As saias de um lado são curtas e de outro longas, as mangas podem estar apenas de um lado, e o que define a coleção é a junção de influência esportiva com roupa festa. Foram usados acabamentos em ribana de cores vivas nos punhos e golas dos vestidos, e até o capuz foi transformado em uma gola caída.

2nd Floor

Sob influência de personagens de seriados infantis como Changeman e Transformers, a modelagem da 2nd Floor concentrou volume nos ombros para criar silhuetas ampliadas, em dia com o que é uma das orientações da moda global. O resultado tem um que de futurismo anos 80 embalado em cores candy,  no mínimo inesperadas para a estação de inverno. O mesmo corte t-shirt, reto e folgado, rendeu partes superiores para eles e elas. As garotas ganharam saia curta com roda para acompanhar a peça, além de vestidos também curtos com base na camisaria. As sobreposições em camadas compõem o melhor da coleção.

Espaço Fashion

Espaço Fashion adotou a sorte e o destino como temas e escolheu desenhos de cartas de tarô para criar estamparia variada. Da parte de trás do baralho futurólogo saíram, inclusive, os motivos quadriculados presentes nas roupas e no carpete que forrou a passarela. Há bons vestidos longos e curtos, macacões, muitos recortes, volumes bem distribuídos, e as misturas de estampas emolduradas pelo efeito xadrez fazem lembrar coleções londrinas que operam com all print em digital. A sequência de looks mais amplos, estampados e em cores sóbrias, de pegada quase grunge, foi precedido por alguns outros em branco, realizados com tecidos perfurados e modelagem de alusão esportiva

 

DIA 3

 

R Groove

Para a R Groove, calças retas e curtas acompanhadas por partes superiores amplas. A única marca exclusivamente masculina a desfilar citou relações de equilíbrio com a natureza no material de divulgação, mas entregou mesmo foi uma eficiente roupa urbana. A meia branca definitivamente não contribuiu para o bom resultado.

Nica Kessler

Apesar de inspirada na paisagem gelada dos fiordes nórdicos, a estilista apresentou inverno de vestidos fluidos em “coleção de fácil acesso, para o dia a dia”. Como ela mesma afirmou. Assinando embaixo de orientação internacional para as próximas temporadas, ela também cita a Art Nouveau como referência para a estamparia. Em meio a um leque variado de elementos, o que resta é um visível avanço na costura propriamente dita, que sai no lucro ao abraçar cortes simplificados e investir na forma valorizada pelos desenhos de superfície, ora com texturas em jacquard ora com estampas sobre planos lisos. Esta coleção de tecidos leves, com roupa recoberta por imagens de pássaros, ganha o reforço dos bons cortes para render calças amplas, eficientes casacos e vestidos curtos compondo um convincente inverno à brasileira.

Andrea Marques

Adepta de um estilo econômico, sem muito espaço para detalhes e racional nos resultados, Andrea Marques driblou o que poderia ser uma seriedade excessiva alternando cores fortes com terrosos e imprimindo movimento gracioso à silhueta.  A divulgação cita o militar como uma das orientações, mas a roupa não se prende ao literal, e a condução equilibrada do tema extrai composições femininas com boa oferta de peças intercambiáveis.  No mix curto tem combinações estimulantes de calça e partes superiores variadas, boa parte com ombros ligeiramente marcados e ampliados. A arte decorativa oriental também é citada e comparece em estampas sobre algodão, jacquard de seda e sedas leves. Na cartela de cores tem terrosos, vermelho, verde oliva, rosa, branco, prata e açafrão.

Patachou

É bonito o trabalho com renda da Patachou, levada para ternos, blusas e saias, e são difíceis os babados distribuídos bem na linha lateral do corpo, em redesenho de silhueta  que parece desconsiderar a anatomia.  Felizmente, comparecem em numero reduzido e logo abrem caminho para os tecidos leves mostrarem sua maior qualidade que é a de pender de acordo com a gravidade e trabalharem a favor do movimento natural. Citando névoas e asfalto, a cartela passeia por brancos, cinza, prata e preto, por brilho e opacidade. As formas, assim como as cores, são clássicas e sem exageros. Passam muito bem os conjuntos de blusa de desenho regata com saias no joelho. Também vale ser citado o apuro no trato com os materiais, que são sempre atraentes e nunca banais.

Coca Cola Clothing

Com discurso genérico e difuso sobre roupa jovem e cool, “endereçada à geração atual”, a Coca Cola Clothing f reuniu básicos do street wear em versão atualizada pelo styling e pelas proporções. A marca do refrigerante mais famoso do planeta promoveu um encontro de referências esportivas, experimentando um pouco nas matérias primas, com modelagem que não precisa se desgastar em busca de grandes novidades, e vendeu direto da passarela. Trinta peças selecionadas podiam ser adquiridas on line durante o desfile. Entre os materiais estão moletom, tela esportiva, jeans, nylon, neoprene light, couro e camurça. Entre as cores, vermelho, amarelo, laranja, bege, berinjela, preto.

Auslander

Florestas assombradas e baladas noturnas cariocas tentam entrar em acordo na coleção da Auslander.  O imaginário creepy introduz uma gama de veludos e rendas, muito preto, estampas de lobos, metais, golas de pele sobre minivestidos, saias curtas de couro e micro tops. O resultado é roupa para colar no corpo, indicada para se acabar em pistas animadas de qualquer metrópole. Acertadamente, com este clima de festa, a Auslander encerrou o Fashion Rio. De quebra selou a edição que deve mudar a cara do calendário da moda nacional.

Imagens: Agência Fotosite

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eduardo:

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