Este cinema de reviravoltas brilhantes, de surpresas prodigiosamente arquitetadas e com todos os recursos e dólares a serviço da tarefa anda exagerando ou sou eu que tomei dessa droga em excesso? Vi um, dia desses, em que o personagem começa como um escritor atormentado, pego em meio a um daqueles brancos criativos, quando uma pílula misteriosa e ilegal lhe dá a chance de ficar no máximo de suas capacidades físicas e intelectuais. E aí é bye bye literatura. Não é que neste momento ele deixa de lado a vocação de uma vida (supõe-se) resolve o livro que lutava para escrever em dois dias, economizando minutos da trama, e sai para outra dizendo que precisa de “something bigger”? E onde é que existe algo maior na visão dos roteiristas de Hollywood? Um ingresso para a próxima sessão para quem disser Wall Street. Pois é lá que em dois meses de uso da substância ilícita ele se torna um ás no volante das altas finanças. Ganhando o quê mesmo? Dinheiro! Como todo mundo gosta de ver alguém fazendo isso miraculosamente, lá vamos nós, fascinados pela ascensão meteórica da conta do rapaz. Os passos seguintes do carismático personagem incluem baladas sem fim, uma suspeita de assassinato, uma loura sexy, o apartamento de luxo e a capacidade infindável de driblar os percalços criados pelo roteiro. Aí é só ir enxertando o resto, da luta contra 10 no metrô à chegada ao poder de verdade. De repente, o cara é candidato a Senador e há um consenso de que o destino dele é a cadeira do Obama. Ok então.

Limitless é dirigido pelo Neil Burger, com Bradley Cooper fazendo o quimicamente alterado, e Robert De Niro o investidor  milionário.