Semana de NY tem um pouco de tudo. No mais, não há mais.
Uma infinidade de desfiles em Nova Iorque (contamos 172) deu a largada na temporada.
Entre os criadores de linguagem jovem, Hood by Air, ou marcas renovadas por novos diretores criativos, Marc by Marc, e eternos como Oscar de La Renta, há um oceano de outros pendendo mais para uma ponta ou para outra, Philip Lim, Alexander Wang e Proenza Schouler ainda experimentando de um lado, Michaek Kors, Diane Von Fustenberg e Donna Karan estabilizados de outro.
Não vamos insistir nesta aventura classificatória além do necessário para medir o pulso da moda na semana americana. Mesmo porque, nomes de um lado e de outro “cometem” exemplos que poderiam figurar do lado oposto. Entretanto, como há um número considerável de marcas oscilando entre o pragmatismo comercial e o esforço por chamar a atenção com liberdades criativas devidamente calculadas para este fim, vale o registro e a atenção.
Hora de seguir adiante e ir direto ao que interessa.
O streetwear dá as cartas e nada é assim tão previsível sob esta influência. A rua dá origem a um senso utilitário traduzido em recortes dinâmicos, bolsos tiras e fivelas. Também absorve elementos da cultura pop, na estamparia principalmente, e abre caminho para as mixagens, impuras por excelência (Quem ainda não viu a multidão de recortes e assimetrias transformando a roupa em colagens?) Um arsenal de recursos é utilizado na tentativa de recuperar o interesse de uma geração que não tem olhado para a moda como palco de acontecimentos que realmente importam.
Gênero é outro assunto. A maioria pega leve. Um pouco de masculino trazido para a arena já basta. A Hood by Air foi mais à frente e transformou a questão em um exercício formal estimulante. Betsey Johnson fez do desfile alegoria e manifesto em favor da causa. Apesar da baixa estatística em produtos, a força midiática da Hood by Air sustenta as atenções sobre a pauta.
O esportivo permanece na lista, quase um ingrediente insubstituível na receita do bolo fashion desta década que chega à metade. Tem associações dele com tudo. Ora é mais street, ora artesanal, ora romântico, ora experimental e por aí vai. Tem até mesmo o esportivo auto referente de Alexander Wang. Ele fez ótimos vestidos praticamente transplantando para o corpo o cabedal de um tênis.
Partindo do esportivo, e naturalmente do mesh, uma profusão de tramas abertas, seja no tricô, no crochê ou com pontos de cestaria impõe a vertente artesanal como algo a se levar em conta. É verão, afinal de contas, e as poucas mensagens tropicais, folhagens, flores, tramas, de NY devem sair ampliadas de lá.
Outra força digna de nota tem origem histórica e destinação imediata. Explico: são muitos plissados e transparências emergindo de um acervo de clássicos, entre eles M Grés, desembocando em vestidos de festa e contaminando também a moda do dia a dia.
Para falar de uso do passado, nada melhor que Thom Browne, autor de uma simbiose rara entre tradição e contemporaneidade.
Há outras forças em ação. Entre elas um japonismo de trespasses e amarrações, o modernismo atualizado de Narciso Rodrigues e outros, tudo em preto e branco , equilibrado e palatável, o apreço por matérias primas, vide principalmente a Calvin Klein. Também vale citar algo em ascensão: o desfile performance ou com performance. Opening Ceremony fez.
No mais, não há mais. Nova Iorque fez o dever de casa para a roda não parar de girar. Nada que arrebate ou mobilize.
Colaboraram: Ramon Steffen e Barbara Diehl
Compartilhe a sua opinião!
Seu e-mail não ficara público. Campos requeridos estão marcados com *