Sexualidade e padrões de beleza

Sexualidade e padrões de beleza

22 de fevereiro de 2011 Moda, Opinião 0

Rick Genest, Andrej Pejic, Stephen Thompson e Lea Ta são quatro personagens pouco convencionais da moda atual. Para muitos, o burburinho em torno do que eles representam é uma forma positiva da moda contribuir com as questões de padrão de beleza e gênero, promovendo uma maior aceitação das diferenças. Para outros, o hype em torno deles é falta de assunto, repisando assuntos que a moda explora já de longa data.

Há coisas novas para se abordar. É o que diz, por exemplo, a Cathy Horyn, no artigo Pushing Fashion Boundaries in an Era Without Any, de janeiro de 2010.

Conheça um pouco mais sobre cada personagem desta pauta quente.

Rick Genest, ou Rico Zombie, como aparece no facebook , era um modelo de portfolio curto, mas isto não deve continuar assim. Alçado à condição de estrela pelo Nicola Formichetti, no último desfile da Thierry Mugler, em Paris, ele é uma espécie de esqueleto vivo, e vai roubando as atenções por onde passa. O reduto das transformações corporais e das tatuagens, um dos últimos do underground, vai fazendo ascensão meteórica rumo ao mainstream e o rapaz entra no fluxo da coisa.

Andrej Pejic é outra ponta deste iceberg. Bonito de doer, e nos moldes de uma garota, ele virou o trans da hora encarnando o feminino em desfiles de ambos os gêneros. Depois das aparições em desfiles, chegou à campanha da Marc by Marc e está de agenda cheia.

Stephen Thompson pertence a uma minoria que passa longe de áreas relacionadas à estética comercial. O rapaz é albino, e poderia passar a vida na sombra não fôsse pinçado pela moda e colocado sob a luz (moderada de preferência) dos holofotes. É outro que passou da condição de desterrado à de muito bem vindo na mídia especializada.

Quem faz o maior barulho por aqui, naturalmente, é a transexual brasileira Lea T, musa do Ricardo Tisci na Givenchy, filha de um jogador de futebol famoso, o Toninho Cerezo, e presença obrigatória em capas, editoriais e desfiles de muitos quilates.

Horyn, do New York Times, e que também contribui com a Vogue, o Herald Tribune, a Vanity Fair e a Harper´s Bazaar , entre outros veículos, é famosa pelas críticas duras. Não poupa palavras, colhendo desafetos do calibre de Armani e Anna Wintour, tanto quanto admiração e prêmios. Além da língua eafiada, ela tem embasamento para sustentar sua linha de pensamento. A internet, que dá potência à criação individual, as cirurgias e outras formas de modificação corporal, que permitem que cada um vire o próprio corpo do avesso, e as possibilidades oferecidas pela tecnologia,  são tópicos que ela considera bem mais relevantes. Segundo ela, tudo aquilo que estes novos personagens representam já foi largamente explorado, e acionar a sexualidade seria apenas mais um sintoma da falta de idéias da moda atual.

Horyn se coloca à frente da batalha, e tem uma posição a manter. É interessante ouvir uma voz dissonante como a dela em um circuito que se leva tão a sério como o da moda. Idéias novas ou melhores,  são sempre bem vindas, mas, trânsitos entre gêneros, bem como a alteração de padrões de beleza, são assuntos de grande interesse. E ainda que ela se comprometa com algo mais à frente, eles vão continuar no front das discussões para o enorme público que participa da arena da moda, e por quem não, e isso por um bom tempo.

Imagens: models.com

Exceto a de Cathy Horyn

link para o artigo citado: http://www.nytimes.com/2011/01/13/fashion/13NOTEBOOK.html

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eduardo:

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