Tate celebra 50 anos de liberdade gay
A Tate Britain abriu sua primeira exposição dedicada à “arte queer”. Um tema com o qual historiadores de arte estão familiarizados, mas que ainda atrai visitantes surpresos a museus.
A exposição “Queer British Art 1861 – 1967” faz parte da comemoração pelos 50 anos de descriminalização de atos homossexuais masculinos na Inglaterra e no País de Gales. A curadoria, a cargo de Clare Barlow, inclui obras que originalmente não possuem referência clara à gênero ou sexualidade, mas que indiretamente estão relacionados com o assunto.
De acordo com a curadora, as obras demonstram diferentes atitudes e estados emocionais, e vão da ansiedade à celebração. Elas não apenas esclarecem a abordagem curatorial como dão pistas sobre os caminhos nebulosos pelos quais as questões de gênero adentraram o terreno da arte. Ela cita The Renaissance of Venus, uma pintura de Walter Crane, de 1877, como exemplo de trabalho que se relaciona com o tema da exposição indiretamente. “A esposa de Crane não queria que ele trabalhasse com modelos femininos, então ele usou um jovem modelo masculino.”
As obras curadas para a exposição é que permitirão avaliar se a arte queer é uma escola, um tipo de protesto, se é direcionada a determinada audiência ou se as obras descritas como queer realmente oferecem uma perspectiva específica.
As obras expostas são do período que vai de 1861, quando a sodomia na Inglaterra e País de Gales já não era mais punida com morte, até 1967, quando sexo consentido e privado entre homens maiores de 21 anos deixou de considerado um crime. Para o curador, esse período é crucial e não lidava com rótulos de gênero e de sexualidades, o que só começou a acontecer após a Primeira Guerra Mundial.
Também estão na mostra experimentos artísticos condenados durante esse período. Caso de “Self Portrait with Nude”, de Laura Knight, de 1913. A pintura mostra a artista pintando uma modelo nua e foi considerada como perigosa e repulsiva, impossibilitando a artista de continuar lecionando na Nottingham School of Art.
Em tempos de retrocesso político e conservadorismo cultural, a Tate dá um passo importante.
Queer British Art 1861 – 1967
Tate Britain
5 de abril a 1 de outubro de 2017.
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