Terceiro dia de SPFW

Terceiro dia de SPFW

1 de novembro de 2012 Moda 0

Terceiro dia balanceado entre veteranos e novos, entre pesos pesados e aspirantes a um lugar sob o holofote fashion.

Gloria Coelho

Com mais ingredientes que de costume Gloria apresentou coleção multifacetada, com referências à geometria de Sonia Delaunay nos vestidos leves em composições entre áreas de cor e transparência. Ela também avançou sobre a alfaiataria, manipulando feminino e masculino de maneira equilibrada e particular. Prolixa nas citações, mais que na forma, como é de costume, ela cita o Instagram, adota estampas e bordados com imagens vegetais, belos skylines urbanos e mostra fôlego em soluções múltiplas e inventivas de modelagem aplicadas a materiais como georgete de seda, lã, sarja de algodão, couro, veludo e gazar.

Alexandre Herchcovitch

Se vale a opinião, este é um dos melhores trabalhos do Herchcovitch nos últimos tempos, recheado de estranhezas sutilmente ocultas sob a beleza aparente. Com mistura dosada para encantar e desconcertar, ele faz opções bem definidas, trabalhando com assimetria e volumes de maneira a ensaiar lampejos de desconstrução, logo redefinidos pela graça do conjunto. As silhuetas têm algo de couture dos anos 50, e os cortes “impróprios” carregam a assinatura afiada de um criador de veia experimental. A edição é outro acerto, evoluindo de looks lisos para estampados florais e pendulando entre shapes retos e volumosos.

Maria Garcia

Com um painel de looks desejáveis e comerciais, e sem escorregar para o banal, a Maria Garcia desenhada pela Kekka Torello é mesmo assim: “uma coleção real” como afirmou a própria estilista. A variação entre proporções, cortes e materiais sugere mesmo uma coleção que pode chegar inteira à loja e de lá migrar com desenvoltura para as ruas. Os motivos florais reforçam essa empatia. De toda forma, não é o apelo fácil que define a roupa, mas sim o trato sensível com as matérias primas, a elegância sutil da modelagem e a supervisão, sempre refinada, do olho experiente da Clo Orozco.

Vitorino Campos

É apenas a segunda vez que ele entra no line up da SPFW, e se já não parecia intimidado na primeira, parece menos ainda nesta. Vitorino Campos tem apenas 24 anos e um gosto evidentemente formado pela economia de elementos e pela boa qualidade do corte e da costura. Não é um regente dos excessos, o rapaz, e confirma a inclinação com citações que falam de “Conexões para uma única direção”, do Deserto do Silêncio, localizado no México e do livro “Eram os Deuses Astronautas”, este último respondendo pelo aproach futurista dos looks prateados.

R Rosner

Ninguém fica inteiramente pronto, evidentemente, mas, no caso da coleção apresentada por R. Rosner são visíveis os pontos de indefinição. O gosto pelo luxo, expresso nas superfícies inteiramente bordadas, por exemplo, aparece mesclado com a busca por algo usável ou mais jovem. É o caso da pedraria esfuziante e excessiva aplicada sobre calças de corte reto, que seriam inexpressivas sem a presença do decor exagerado. É esperar para ver se a mistura de fascínio pela exuberância com a irreverência contemporânea encontra um ponto de equilíbrio, ou quem sabe mesmo, um desacerto mais estimulante.

 

Forum

Com uma proposta de inverno que cabe na medida para o Brasil a Forum passou clara e leve, forrada de estampas com motivos tropicais, rendados tipo cestaria, palha e ráfia. A marca se mostra decidida a olhar de frente para as referências brasileiras também na estação do frio. Para contrabalançar, tem também lã com seda, seda pura, musseline, bons casacos explorando variações de volume e vestidos francamente sixties, ora retos, ora em A, a maioria bem curto como era regra na década citada. A cartela também acompanha o veranico da Forum, toda ela em branco, tons de vermelho, verde e rosa claro.

 

Imagens Agência Fotosite e acervo Radar.

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eduardo:

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