VETEMENTS: ULTIMATO À PASSARELA
Na última semana de Alta-costura, outono-inverno 2018, a Vetements levou à passarela um conjunto imprevisível de modelos: os temidos personagens da vida real. Aqueles para onde toda a extravagância e teatralidade da moda conceito converge como expressão individual. Na ocasião, muitos jornalistas aplaudiram a decisão da marca de representar a vida comum tal qual ela é. Outros, no entanto, levantaram a questão de que a Vetements estava apenas se utilizando dos signos do movimento de exaltação a individualidade, quando a passarela e seus respectivos representantes, exibiam nada mais do que uma encenação.
A Vetements, então, puxou mais um coelho da sua cartola de ironias e decidiu por fim no formato desfile. O ultimato à passarela até aí foi uma decisão bastante cabível se levamos em conta o perfil da marca de questionar os imediatismos do circuito de moda. Agora, a nova coleção, apresentada ao público durante a semana de moda masculina, contou com um sistema ainda mais irônico: o da panfletagem fashion. A marca convidou pessoas aleatórias que encontrou pelas ruas e as deixou escolher as peças que lhe fossem interessantes para que, no final, posassem para um lookbook.
O mais curioso da coleção, contrariando a apresentação inusitada. é o seu caráter pouco inovador. As peças não se desprendem da linha de raciocínio de Demma Gvasalia. Os moletons largos, os blazers ao estilo yuppies modernos, as botas over the knees cintilantes já fazem parte do repertório dele. A Vetements parece se importar mais com as quebras de afirmações categóricas de moda do que fazer dela um objeto de previsão. Por quanto tempo, hein?
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